José Carreira - Seminário Internacional Longevida

Proteção à pessoa idosa: ativista português fala sobre a importância da parceria entre Brasil e Portugal

“Sou totalmente apologista da partilha de conhecimentos e de boas práticas”, afirma José Carreira, mestre em Trabalho Social, com pós-graduação em Direito do Envelhecimento, que representa o Movimento #StopIdadismo em Portugal., Ele considera  que os ganhos podem ser substanciais se a ponte digital entre Brasil e Portugal for bem aproveitada, “potencializando as oportunidades e combatendo as adversidades”.

Carreira é um dos convidados do I Seminário Internacional sobre longevidade: Brasil e Portugal – Desafios e Oportunidades, que será realizado pela Longevida – Consultoria na Area do Envelhecimento e coordenado por Sandra Regina Gomes, fundadora e diretora da Longevida. O evento, que vai ocorrer no próximo dia 28 de setembro, virtualmente, abordará a Política Nacional do Idoso, a rede de atendimento à população idosa no Brasil, os Conselhos de direitos da pessoa idosa, o Fundo Nacional do Idoso e experiências de Portugal no atendimento à população idosa.

Além de José Carreira, o Seminário contará com a honrosa participação de Alexandre Kalache, referência internacional em envelhecimento e longevidade e presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR). Os participantes terão, ainda, a oportunidade de assistir a duas palestras, com Sandra Regina Gomes e com a assistente social Daniela Reis.

Entrevista exclusiva

Em entrevista concedida exclusivamente ao site da Longevida, José Carreira fala sobre os desafios enfrentados por Portugal na proteção da pessoa idosa, citando alguns exemplos bem sucedidos nesta direção; sobre o Movimento #StopIdadismo em seu país; e sobre a importância da parceria entre Brasil e Portugal nas ações de valorização da pessoa idosa. Confira a entrevista na íntegra.

Quais são os principais desafios hoje no atendimento e proteção à pessoa idosa em Portugal?

A minha utopia pós-pandemia, passa pela construção de uma Cidadania Social, ancorada numa Economia do Cuidado. Olhar a velhice de frente reflete a dignidade de uma sociedade madura e humanizada que acompanha os seus até ao fim. Todos nós queremos ser acompanhados, cuidados, amados. Uma das reflexões que considero prioritária centra-se nos modelos de cuidados que queremos para o futuro, cuidados humanizados, centrados na pessoa e mais integrativos. Creio que fará sentido priorizar a desinstitucionalização dos cuidados e apostar num novo conceito de cuidados no domicílio, com a disponibilização de apoio sociais, da saúde e tecnologias de apoio, monitorizados por equipas multidisciplinares. Muitos países europeus já apostaram, há muitos anos, noutras respostas sociais e sanitárias. Devemos estudar outros modelos de prestação de cuidados no domicílio, devidamente adaptados ao nosso contexto social e econômico, e (re)construir uma política da longevidade.

O senhor poderia dar dois exemplos de políticas existentes hoje em Portugal para o atendimento à população idosa que considera acertadas e importantes?

Não nos esqueçamos que, em 2018, o risco de pobreza entre os mais velhos era de 17,3% contabilizando as transferências sociais e 88,8% sem as mesmas. Dois exemplos:

– Complemento solidário para idosos – Um apoio em dinheiro pago mensalmente aos idosos de baixos recursos, com idade igual ou superior à idade normal de acesso à pensão de velhice do regime geral de Segurança Social, ou seja, 66 anos e 6 meses e residentes em Portugal.

– Pensão Social de Velhice – É uma prestação em dinheiro, atribuída mensalmente, a partir da idade normal de acesso à pensão de velhice do regime geral de segurança social

Quais são principais ações feitas hoje pelo #Stop Idadismo no combate ao preconceito contra a pessoa idosa?

O Movimento #StopIdadismo tem como objetivo sensibilizar, identificar e eliminar os preconceitos e a marginalização das pessoas idosas devido à idade. Organizamos e participamos em iniciativas para visibilizar aquela que é a terceira causa de discriminação no mundo: o idadismo, seguindo-se ao racismo e ao sexismo. As campanhas estão em estreita articulação com a Campanha Mundial Contra o Idadismo da ONU “#AWorld4AllAges” e a Década do Envelhecimento Saudável 2020-2030, principal estratégia da Organização Mundial da Saúde (OMS) para apoiar ações de construção de uma sociedade para todas as idades, baseada na Estratégia Global da OMS sobre Envelhecimento e Saúde, no Plano de Ação Internacional das Nações Unidas para o Envelhecimento e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda das Nações Unidas 2030. Destaco as seguintes iniciativas: Campanha “Sinais de Alerta: Alzheimer e outras demências”; “#VelhiceNaoEDoenca”; “Consciencialização da violência contra a pessoa idosa”.

Qual é a importância de uma parceria com o Brasil para a pessoa idosa?

Sou totalmente apologista da partilha de conhecimentos e de boas práticas. No âmbito da longevidade, da “nova longevidade”, temos um longo caminho para percorrer na construção de uma comunidade inclusiva, amiga de todas as idades. Os ganhos serão substanciais se aproveitarmos a “ponte digital” que permite facilitar a união dos dois países – Portugal e Brasil – com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas, potencializando as oportunidades e combatendo as adversidades.

SERVIÇO

As inscrições para o seminário continuam abertas. Veja como participar no site da Longevida: https://www.longevida.ong.br/

Centenário Paulo Freire

TV Cultura produz documentário em homenagem aos 100 anos de Paulo Freire

TV Cultura / Imagem: Especial #100AnosPauloFreire- Cenpec

No domingo, dia 19 de setembro, se comemora o centenário de nascimento do patrono da educação brasileira, Paulo Freire, e em referência à data a TV Cultura exibe um documentário inédito sobre o educador. Produzido pelo departamento de jornalismo da emissora, a produção “Paulo Freire, 100 anos” vai ao ar neste sábado, dia 18, às 22 horas, apresentada pelo jornalista e diretor Leão Serva.

O livro Pedagogia do Oprimido é um marco na obra de Paulo Freire, um grande pensador brasileiro das ciências humanas e um dos mais reconhecidos. Ele foi professor das universidades de Harvard, nos Estados Unidos, e Cambridge, na Inglaterra, e teve mais de 40 títulos de doutor honoris causa em universidades como Oxford, na Inglaterra, e Coimbra, em Portugal.

“Paulo Freire, 100 Anos” traz os principais estudiosos da obra do educador para explicar sua importância e, ao mesmo tempo, os motivos dele estar sendo vítima de tantos ataques extremistas. Entre eles, Mario Sergio Cortella, o professor, filósofo e pedagogo Dermeval Saviani e o diretor de Educação de Jovens e Adultos do Colégio Santa Cruz, Fernando Frochtengartenr.

Exílio

Paulo Freire nasceu em Pernambuco, foi preso pela ditadura militar e exilado. Ficou fora do país por 16 anos começando pela Bolívia, em 1964. No Chile, Freire concebeu a teoria da pedagogia do oprimido e na Suíça, onde trabalhava para o Conselho Mundial de Igrejas, ganhou projeção mundial e participou também da alfabetização de populações pobres no continente africano.

Com a anistia e o retorno ao Brasil em 1980, Paulo Freire continuou a produzir obras importantes como a “Pedagogia da Esperança”. Foi professor da PUC e secretário municipal de Educação de São Paulo. O documentário traz um comentário do patrono da educação sobre sonhos: “Acho que não é possível existir humanamente sem sonhos, sem utopias. Sonhos enquanto projetos, enquanto programa, curiosidade, enquanto querer ser diferente”.

Idosos negros - pesquisa

Estudo em São Paulo aponta que saúde de idosos negros é pior

Jornal da USP / Imagem de Leroy Skalstad por Pixabay 

Um estudo divulgado recentemente mostrou que os idosos negros na cidade de São Paulo apresentam piores condições de escolaridade, renda, hipertensão arterial e menos acesso a serviços privados de saúde em relação aos brancos. Na pesquisa conduzida pelo doutor em epidemiologia Roudom Ferreira Moura, os idosos negros também avaliaram sua saúde de forma pior: 45,5 % dos idosos pardos e 47,2% dos idosos pretos descreveram seu estado de saúde negativamente (regular, ruim ou muito ruim), enquanto nos idosos brancos esse número foi de 33%.

O trabalho consistiu em uma análise estatística que buscou entender a relação entre condições sociais e de saúde e variáveis demográficas, socioeconômicas e comportamentais e o uso e o acesso a serviços de saúde associados com cor da pele/raça autodeclarada. Foram avaliados 1.017 idosos do município de São Paulo (63,3% brancos, 21,4% pardos e 7,3% pretos/negros), a partir de dados coletados pelo Inquérito de Saúde do Município de São Paulo (ISA-Capital-SP-2015), da Secretaria da Saúde da Prefeitura Municipal de São Paulo.

Apesar de a maioria da população brasileira ser negra, de acordo com o pesquisador, esse recorte demográfico é minoria entre os idosos, pois a expectativa de vida dos negros é pior que a dos brancos. Segundo Moura, as desigualdades raciais na saúde são um tema historicamente negligenciado na academia brasileira. Até 1996, por exemplo, 87% dos registros de óbitos do Estado de São Paulo sequer tinham indicação de qual era a cor da pele / raça dos indivíduos.

Para o pesquisador, o racismo é uma questão bastante controversa no Brasil, onde a influência de ideias como a teoria da democracia racial, muito difundida por autores como Gilberto Freyre, ainda dificulta o reconhecimento da existência desse problema social. Algo que aparece, inclusive, na resistência de algumas publicações a aceitar artigos pautando esse tema, embora seja inegável a importância de investigar essas desigualdades para a aplicação de políticas de saúde pública de qualidade.

Identificar os fatores determinantes sociais e de saúde da população idosa do município de São Paulo sob uma perspectiva racial foi o objetivo da tese de doutorado de Moura, intitulada Idosos brancos e negros da Cidade de São Paulo: desigualdades das condições sociais e de saúde, orientada pelo professor José Leopoldo Ferreira Antunes, do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP.

O pesquisador afirma que esses indicadores se explicam por condições de racismo estrutural e institucional que se iniciaram, provavelmente, ainda na infância desses indivíduos negros e os afetaram negativamente quanto às questões de desenvolvimento e envelhecimento, classe social, nível de escolaridade, condições e tipos de trabalho, renda, acesso e uso de bens e serviços e condições de saúde.

Pessoa idosa com deficiência - dados IBGE

Um em cada quatro idosos tinha algum tipo de deficiência em 2019

Agência IBGE / Imagem Mulher foto criado por DCStudio – br.freepik.com

Dos 17,3 milhões de pessoas com deficiência no país em 2019, quase metade (49,4%) era idosa, ou seja, tinham 60 anos ou mais de idade. Considerando a população total por grupos etários, um a cada quatro idosos (24,8%) tinha algum tipo de deficiência. Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019 – Ciclos de vida, divulgada no dia 26 de agosto pelo IBGE.

A deficiência visual teve o maior percentual nessa faixa de idade: 9,2% dos idosos declararam ter muita dificuldade ou não conseguiam de modo algum enxergar. A quantidade de pessoas com deficiência auditiva também aumenta conforme o avançar da idade: cerca de 1,5 milhão de pessoas com deficiência auditiva tinha mais de 60 anos. Isso equivale a 4,3% dos idosos.

O uso de algum recurso para ouvir melhor, como aparelho auditivo e implante coclear, de acordo com o levantamento, era feito por 0,8% da população acima de dois anos, independentemente de ter alguma deficiência ou do grau de dificuldade das pessoas. Entre os idosos, o percentual foi de 3,1%.

A pesquisa também estimou em 3,3 milhões o número de idosos com alguma limitação funcional para realizar Atividades de Vida Diária (AVD), como trocar de roupa, alimentar-se e higienizar-se. Esse contingente corresponde a 9,5% das pessoas nessa faixa etária. A proporção também aumenta à medida que a idade avança, chegando a 18,5% entre as pessoas com mais de 75 anos.

Longevia - Seminário Brasil Portugal

I Seminário sobre longevidade: Brasil e Portugal será no dia 28 de setembro

O I Seminário Internacional sobre longevidade: Brasil e Portugal – Desafios e Oportunidades, uma realização da Longevida, consultoria na área do envelhecimento, foi adiado. Por motivos alheios à Longevida, o evento que seria no dia 31 de agosto foi transferido para o dia 28 de setembro, das 9 às 12 horas, no formato online.

As inscrições para o seminário continuam abertas. Quem já se inscreveu, precisará fazer uma nova inscrição. Veja como participar no site da Longevida: https://www.longevida.ong.br/

O conteúdo do seminário foi mantido. O evento, coordenado por Sandra Regina Gomes, fundadora e diretora da Longevida, abordará a Política Nacional do Idoso, a rede de atendimento à população idosa no Brasil, os Conselhos de direitos da pessoa idosa, o Fundo Nacional do Idoso e experiências de Portugal no atendimento à população idosa. Os inscritos receberão certificado.

O I Seminário Internacional sobre longevidade contará com a participação de Alexandre Kalache, referência internacional em envelhecimento e longevidade e presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR). Destaque também para José Carreira, mestre em Trabalho Social, com pós-graduação em Direito do Envelhecimento, que representa o Movimento #StopIdadismo em Portugal. Haverá ainda palestras de Sandra Regina Gomes, da Longevida, e da assistente social Daniela Reis.

Longevida

A Longevida, consultoria na área do envelhecimento, é uma empresa que atua junto a órgãos públicos, terceiro setor e universidades na área do envelhecimento tendo como missão valorizar e promover a cidadania da pessoa idosa. A empresa nasceu a partir da experiência e expertise da fundadora, a gerontóloga Sandra Regina Gomes, e oferece serviços para formulação, desenvolvimento e realização de programas, projetos, pesquisas, capacitações e treinamentos que ajudem a promover o bem-estar e a cidadania da pessoa idosa.

Velhice Não é Doença

Brasil pressiona OPAS/OMS e ajuda a conquistar espaço para revisão do termo velhice na CID11

Imprensa Coletivo Velhice não é Doença

A participação brasileira foi intensa nesta quinta (19) no evento ao vivo e online, organizado pela OPAS/OMS sobre ‘As novas demandas do envelhecimento e a CID-11: Perspectivas das Américas’.

Contrários à classificação de Velhice como Doença pela Organização Mundial da Saúde – prevista para vigorar a partir de janeiro de 2022 – profissionais de diversos segmentos, representantes de instituições e da sociedade civil, unidos no coletivo ‘Velhice Não É Doença’ marcaram posição, pressionaram a OMS com embasamento técnico, articularam com vários países, especialmente, os da América Latina, e foram fundamentais para uma primeira conquista.

Oficialmente, ao final do encontro, o Dr Andrés de Francisco, Diretor FPL, OPAS/OMS declarou que está aberta a possibilidade para os países encaminharem sugestões para a substituição do termo ‘velhice’.

Para o médico epidemiologista e gerontólogo Dr Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR), referência mundial em envelhecimento e uma das principais lideranças do movimento ‘Velhice Não É Doença’ foi fantástico termos logrado esse marco. ‘Se não fosse a pressão sobre tudo que fizemos,
a estratégia que nós traçamos, o papel que cabe à sociedade civil eles não teriam se sentido tão incomodados’, enfatiza. Fato, pois, foi à última hora que modificaram o programa do evento que era meramente informativo.

Ainda que o Brasil não tenha sido convidado a compor a mesa neste evento, lideranças do coletivo ‘Velhice Não É Doença’ fizeram intensas articulações internacionais. Tanto que resultou na participação em concordância com a posição brasileira por parte do Dr Jose Ricardo Jauregui (Argentina), presidente da Associação Internacional de
Gerontologia e Geriatria (IAGG) e do professor Dr Luis Miguel Gutierrez, diretor do Instituto Nacional de Geriatria do México, com os quais Kalache conversou e deixou claro que a sociedade civil estaria atentamente acompanhando suas manifestações.

Creio que a conclusão importante hoje é de que haverá, sim, um debate sério, acadêmico, com propostas a serem oferecidas à OMS’, salienta o gerontólogo.

O próximo passo será a realização de uma nova roda de conversa para que se encontre, em consenso, um novo termo que substitua ‘velhice’ na Classificação Internacional de Doenças (CID11). ‘E nós, brasileiros, estaremos nessa discussão, representando a nossa voz. Nada para nós sem nós!’, declara Kalache, orgulhoso e grato pelo empenho e determinação de todos do movimento.

Um primeiro passo comemorado. Mas, como alerta Kalache: ‘A luta não terminou. Vencemos essa batalha. Mas não vamos esmorecer. Agora estamos em outro patamar, e acho isso fantástico!’.

As ações do coletivo ‘Velhice Não é Doença’ continuam mobilizando profissionais dos mais diversos segmentos, sociedades médicas e entidades organizadas da sociedade civil em prol de continuar pressionando e acompanhando para garantir que Velhice não seja considerada doença na CID 11 pois seria um imenso retrocesso, e para ajudar a combater o idadismo (preconceito etário) e pela valorização das pessoas no processo do envelhecimento.

Participe do Movimento “Velhice não é Doença!” Assine o manifesto, acompanhe tudo pelas redes sociais e ajude a divulgar:

Carta Manifesto – https://www.tinyurl.com/velhicenaoedoenca

E-mail: velhicenaoedoenca22@gmail.com
Instagram:@velhicenaoedoenca22
Facebook: @velhicenaoedoenca22
Twitter: @velhonaoedoente

Velhice Não é Doença

Movimento “Velhice Não É Doença” mobiliza a sociedade

Imprensa Coletivo Velhice não é Doença / Imagem: Pessoas foto criado por rawpixel.com – br.freepik.com

O envelhecimento da população é um fenômeno global e, no Brasil, especialmente acentuado nos últimos 20 anos, tendendo a acelerar ainda mais nas próximas décadas. Atualmente, as mais de 34 milhões de pessoas acima dos 60 anos são responsáveis por 23% do consumo de bens e serviços no país, contribuindo assim, com seus recursos, para o crescimento da sociedade em geral. Estima-se que em 2040, 57% da força de trabalho brasileira terá mais de 45 anos, conforme aponta pesquisa da consultoria da PWC com a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) – com o reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU) – estabeleceu em sua resolução de dezembro de 2020 a Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030), em consonância com o protagonismo, dinamismo e a importância dos mais velhos mundo afora.

No entanto, a Assembleia Mundial de Saúde, órgão de governança que estrutura e apresenta as ações a serem cumpridas pelas OMS, prevê instituir a velhice como doença, na Classificação Internacional de Doenças, em sua edição de número 11 – CID 11, a partir de 01 de janeiro de 2022, numa clara incoerência à realidade demonstrada até aqui através de seu trabalho na área.

A inclusão da velhice como doença na CID-11 representa a migração de um marcador social (com todas as subjetividades culturais, sociológicas e antropológicas das populações mundiais) para o âmbito de um mecanismo que padroniza enfermidades – o que não contempla a diversidade e as identidades das sociedades e suas construções sociais, econômicas e culturais.

A velhice é uma das etapas de nosso curso de vida e não pode correr o risco de ser interpretada como doença, e sim como a maior conquista social dos últimos 100 anos. Considerar a etapa da velhice como doença é um retrocesso que em muito contribuiria para acentuar globalmente preconceitos em relação à longevidade – o que denominamos idadismo, traduzidos em estigmas que marcam profundamente a saúde emocional e psicossocial das pessoas idosas.

A promoção do envelhecimento deve vir com oportunidades de protagonismo, numa sociedade em que os mais velhos sejam respeitados e valorizados por suas potencialidades como sujeitos de direitos. Lembrando sempre que os jovens de hoje serão os idosos de amanhã – portanto, esta é uma causa de todos.

Um grupo de entidades e representantes da sociedade civil se uniram e criaram o Movimento “Velhice não é Doença”. O coletivo lançou um manifesto aberto a todas as pessoas, empresas, entidades e movimentos sociais que queiram assiná-lo e conta com mais de 3200 assinaturas. O objetivo do movimento é pressionar os deputados, senadores e o governo federal para que cobrem que a OMS reveja a classificação que considera velhice uma doença. 

O documento é subscrito pelas seguintes autoridades e personalidades:

Alexandre Kalache – Centro Internacional da Longevidade – ILC Brasil

Danilo Santos de Miranda – Diretor do SESC-SP

Lucia Secoti – Ex Presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa – CNDI

João Batista Lima Filho – Comissão de Bioética – CNBB

César Eduardo Fernandes – Presidente da Associação Médica Brasileira – AMB

Patrícia Sereno – Programa Até os 120 – Federação Israelita do Estado de São Paulo

Maria Regina Ermírio de Moraes – Instituto Velho Amigo

João Batista de Andrade – Cineasta e Escritor

Sandra Gomes – Longevida Consultoria

Ivete Berkenbrock – Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – SBGG

Gilberto Natalini – Associação Popular de Saúde

Maria Lucia Rodrigues – Coordenadora Nacional da Pastoral da Pessoa Idosa – PPI

Luiz Roberto Ramos – Escola Paulista de Medicina – EPM

Meiry Fernanda Pinto Okuno – Escola Paulista de Enfermagem /UNIFESP

Tomas Freund – Conselho Estadual do Idoso de São Paulo

Neide Duque – Grande Conselho Municipal do Idoso de São Paulo

Joel Padula – Superintendente SESC-SP

Cris Monteiro- Vereadora da cidade de São Paulo

Carlota Esteves – CEO do Movimento Longevidade Brasil

Yeda Aparecida de Oliveira Duarte – Estudo SABE/ Saúde, Bem Estar e Envelhecimento/ O que Rola na Geronto

Karen Garcia de Farias – Sessentônica

Marta Fontenele – Jornalista e Pesquisadora do Envelhecimento

Wagner Romão – Cientista Político/UNICAMP

Lina Menezes – Faz Muito Bem 50+ e Tudo Sobre Alzheimer

Beltrina Corte – Portal do Envelhecimento e Espaço Longeviver

Eduardo Jorge – Médico Sanitarista e Ambientalista

Associação Nacional dos Membros do Ministério Público de Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência – AMPID

Confederação Brasileira dos Aposentados – COBAP

Luis Eduardo Merces – Itaú Viver Mais

Vanessa Idargo Mutchnik- Comitê 60+ Grupo Mulheres do Brasil

Letícia Bittar- OAB Pará

Morris Litvak- Maturi

Eva Bettine e Camila Tiome Baba- Associação Brasileira de Gerontologia- ABG

Silvia Triboni- Across Seven Seas

Ida Nuñez- Adulto+/Inova360/ Record News

Diego Felix Miguel- Convita

Eduardo Meyer- Coletivo Trabalho 60+

Vera Caovilla- 50 mais Ativo

Áurea Soares Barroso- Pastoral da Pessoa Idosa

Dayane Alves- Instituto Família Barrichello

Carla Santana – Sociedade Brasileira de Gerontecnologia

Vera Caovilla- 50 mais Ativo

Luís Baron- Eternamente Sou

Luciana Feldman- Publicitária e Pós Graduanda em Gerontologia

Marco Antonio Vieira Souto – publicitário

Henrique Sergio Sznifer

Sandra Maria Perrone Sznifer

Warley Martins Gonçalves

Debate sobre 3ª dose da vacina anticovid-19 ressalta a importância da 2ª aplicação

Eficácia do imunizante que combate o novo coronavírus só foi comprovada com duas aplicações; quem perdeu a data da segunda dose, deve tomá-la mesmo assim

No combate à pandemia, alguns países já discutem a aplicação de uma terceira dose de vacina para obter uma imunização mais efetiva contra o novo coronavírus, que causa a covid-19. Mesmo aqui no Brasil, um estudo do Ministério da Saúde, em parceria com a Universidade de Oxford e apoio da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor) testa a necessidade e eficácia da terceira dose das vacinas aplicadas no Brasil. O fato ressalta ainda mais a importância da segunda dose da vacina: a imunização completa só acontece após a segunda dose (ou dose única no caso da vacina da Janssen). Os idosos, principalmente, não podem deixar de tomar a segunda dose. 

O motivo é que a eficácia do imunizante foi comprovada somente a partir de análises realizadas com as duas aplicações, de acordo com a Agência Nacional Vigilância Sanitária (Anvisa).  De acordo com o diretor-presidente da instituição, Antonio Barra Torres, as vacinas são, neste momento, a medida farmacológica de maior comprovação, credibilidade e eficácia disponível em todo o mundo. “Não faz sentido a pessoa tomar uma dose da vacina e não se apresentar para tomar a segunda dose. Quem assim o faz está com uma proteção insuficiente e inadequada”, alerta. 

Portanto, não deixe de tomar a segunda dose. E se perdeu o prazo, vale o dito popular: “antes tarde do que nunca”. Mesmo fora do prazo, é absolutamente importante concluir o processo de vacinação, segundo texto publicado pela Anvisa.

Foto: Prefeitura de Itapevi / Divulgação

Por que o País precisa de uma Política Nacional de Cuidados para a pessoa idosa?

Dr. Vicente Faleiros aponta, entre outros motivos, a reconfiguração das famílias,
com menos filhos e com a mulher mais integrada ao mercado de trabalho, além de 14%
dos velhos morarem sozinhos

O dr. Vicente Faleiros esteve em um audiência pública na Câmara dos Deputados

A adoção de uma Política Nacional de Cuidados para o idoso é uma luta da gerontologia e da geriatria, além de todos que militam em favor da causa da pessoa idosa. Por pressão da sociedade, a Câmara dos Deputados está promovendo uma série de audiências públicas sobre o tema. Em julho, o Dr. Vicente Faleiros representou a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) em uma audiência a respeito do tema e marcou a posição da instituição em meio à pandemia.
Vicente Faleiros é assistente social, bacharel em direito, doutor em sociologia, pós-doutor, especialista em gerontologia pela SBGG, professor emérito da Universidade de Brasília, pesquisador e autor de vários livros. Reconhecido por sua atuação e autoridade na área do envelhecimento, ele falou ao site da Longevida sobre a importância de o País ter uma política de cuidados para a pessoa idosa.

1) O que representa para o país ter uma política pública de cuidados para a pessoa idosa?
Já existem leis que asseguram o cuidado com a saúde (SUS),  a garantia de renda (Previdência e LOAS),  o envelhecimento ativo, o combate à violência (Estatuto da Pessoa Idosa) e também o acesso à moradia. A Constituição Federal, no artigo 230, estabelece a reciprocidade entre pais e filhos. As situações particulares do envelhecer estão a demandar ações para considerar especificidades, como os cuidados paliativos,  a situação de dependência, a demência, o câncer, dentre outras. Essas dimensões precisam estar integradas numa rede de proteção, pois a família  tem sido a responsável pelos cuidados dos mais velhos e das mais velhas. Cabia à solidariedade familiar prover serviços de cuidados, em geral  atribuídos à mulher, mas a família tem outra configuração atualmente. Há 14% de pessoas idosas que moram só, além de haver geração de menos filhos, baixa da fecundidade e inclusão da mulher no mercado de trabalho. Daí a necessidade de o País  ter uma política integrada de cuidados em diversos níveis e com maior complexidade, pois há, ainda, o  aumento da expectativa de vida, o que implica mais tempo de vida, como também mais acometimento de fragilizações.

2) Qual é a importância de estar havendo audiências públicas voltada à adoção de uma política pública de cuidados para para a pessoa idosa?
As audiências públicas possibilitam colocar o tema para discussão aberta, em geral online, como explicitar divergências, encaminhar sugestões   e construir consensos que influenciam decisões.

3) Qual é a importância de a SBGG participar de uma audiência pública voltada a esse tema?
Já existem propostas em tramitação no Legislativo para se formular uma política de cuidados, mas a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia  tem por foco construir propostas para as pessoas idosas, levando em conta sua heterogeneidade e as diversidades do envelhecer. Reúne profissionais médicos e não médicos, abrangendo a geriatria, mais direcionada para o tratamento de afecções,  e a gerontologia, mais direcionada à qualidade de vida, o bem-estar e a prevenção. Ambas trabalham em conjunto, buscando entender o envelhecimento como processo social e individual multidimensional.

4) O que o senhor gostaria de destacar de sua participação, além dos pontos divulgados pela SBGG no dia 15 de julho?
Nós apresentamos 15 recomendações (abaixo) no sentido de assegurar direitos e de promover uma sociedade inclusiva, principalmente no atual governo.Empossado em 2019, ele tem um foco neoliberal e autoritário de desmonte do Estado Democrático de Direito. Os conselhos de direitos foram desidratados e os direitos sociais estão sendo amputados, inclusive para as pessoas idosas. No âmbito do Ministério da Economia houve até manifestação da senhora Solange Passos no sentido de que a pandemia da covid-19, ao provocar mortes de pessoas idosas, estaria aliviando os custos da Previdiência Social — uma descarada expressão de desumanidade,  preconceito e discriminação da velhice. Os déficits previdenciários não têm por causa o envelhecimento da população, mas sobretudo a má gestão, os desvios, os refis, as fraudes, a sonegação. Os aposentados fizeram a sua parte e são credores de direitos.


O que a SBGG defende:

● Manter os direitos previstos no Estatuto do Idoso, sem modificações no período da pandemia. Eventuais mudanças só devem ser encaminhadas com participação presencial da sociedade.
● Encaminhar nova legislação sobre cuidadores com urgência após o veto presidencial.
● Restabelecer o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa nos parâmetros originais.
● Formular, com a sociedade, uma política de saúde mental para as pessoas idosas, com mapeamento nacional dessa questão.
● Assegurar a acessibilidade nas vias públicas e promover informações para adequação dos espaços privados.
● Estimular a produção de tecnologias assistivas para pessoas idosas.
● Efetivar a política de prevenção, de diagnóstico precoce, principalmente nas
áreas com maior incidência de adoecimento.
● Promover o envelhecimento ativo e participativo.
● Formular uma política e estratégias para formação e disponibilização de cuidadores para apoiar as famílias que têm idosos frágeis e que demandam cuidados.
● Atualizar o per capita ofertado pelo SUAS às ILPIs credenciadas.
● Mapear as redes de proteção às pessoas idosas do território com o apoio do SUS e do SUAS, inclusive para se identificar ILPIs precárias e clandestinas
● Regularizar a prestação de serviços às pessoas idosas.
● Assegurar a previdência social pública digna e as transferências de renda assistenciais, que não somente sustenta as pessoas idosas, mas suas famílias. Hoje, na situação de desemprego, a renda das pessoas idosas estimulam a economia e mantêm a sobrevivência.
● Combater toda forma de preconceito, discriminação e violência contra pessoas idosas.
● Promover uma sociedade inclusiva e políticas de inclusão para pessoas idosas, com presença da tecnologia.

Brasília, 15 de julho de 2021.

São Paulo ganha aplicativo de serviços para pessoas idosas

A cidade de São Paulo ganhou esta semana um aplicativo reunindo serviços públicos voltados para pessoas idosas nas áreas de Assistência Social, Saúde, Esporte e Lazer, Cultura e Educação: o SPinfo60+. O lançamento ocorreu no dia 11 de agosto durante o Seminário de Prestação Pública de Contas do projeto “Diagnóstico socioterritorial para a pessoa idosa na cidade de São Paulo: construção de subsídios para a defesa de direitos e para a capacitação de conselheiros”, promovido pela PUC-SP.

Iniciado em agosto de 2020, o projeto é resultado do convênio firmado entre a PUC-SP e o Conselho Estadual do Idoso (CEI), por meio da Secretaria Estadual de desenvolvimento Social (SEDS) com recursos via o Fundo do Idoso. A Coordenadoria de Estudos e Desenvolvimento de Projetos Especiais, um setor da PUC, desenvolveu o projeto tendo à frente a professora Beltrina Côrte. As diversas etapas visaram constituir subsídios para os espaços de participação, defesa de direitos e controle social, como o aplicativo SPinfo60+.

A Coordenadoria de Políticas para Pessoa Idosa da Secretária Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) da Prefeitura de São Paulo e o Grande Conselho Municipal do Idoso de São Paulo (GCMI) colaboraram com o projeto. Uma das etapas foi a capacitação de conselheiros, que contou com a participação da diretora e fundadora da Longevida, Sandra Regina Gomes.

A estrutura básica do SPinfo60+ é composta por um banco de dados levantado nos serviços da Assistência Social, Saúde, Esporte e Lazer, Cultura e Educação. Foi desenvolvida uma estrutura de dados pensando em deixá-la o mais acessível possível ao público 60+, com a contribuição de professores de diversos setores da PUC-SP, desde Administração, Estudos Interdisciplinares, Curso Ciências de Dados e Inteligência Artificial, Ciências da Computação e Design.

Por enquanto o app SPinfo60+ está no servidor da PUC-SP. A atualização de serviços será feita por pesquisadores do Núcleo de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento, também da PUC-SP, até migrar para o Conselho Estadual do Idoso. Acesse o aplicativo em https://spinfo60.pucsp.br/.

(Fonte: Portal do Envelhecimento)