Websérie - Idadismo

Websérie vai abordar o idadismo vivido e imaginário

Em fevereiro, tem novidade na Longevida com o lançamento da websérie “Idadismo: Entre Imaginários e a vida vivida”. Serão seis episódios, um a cada mês, com a temática do preconceito contra a pessoa idosa abordada por profissionais multidisciplinares, como psicólogos, pedagogos, historiadores, sociólogos, linguistas, entre outros. A iniciativa trará também depoimentos de pessoas idosas, que vivenciam a discriminação.

A websérie faz parte da campanha #LugarDePessoaIdosaÉOndeElaQuiser, lançada em outubro de 2021 pela Longevida, em referência ao Dia Mundial da Pessoa Idosa. Os episódios vão abordar o problema do idadismo, repercutindo os testemunhos levantados no nosso Glossário Coletivo de Enfrentamento ao Idadismo, divulgado em dezembro. O material está disponível para download gratuito pelo link .

Os parceiros da iniciativa são os mesmos que colaboraram no Glossário Coletivo: Prefeitura do Recife, por meio da Gerência da Pessoa Idosa; Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); Grande Conselho Municipal do Idoso de São Paulo; Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos de São Paulo; Casa Vovó Bibia de Apoio à Família, também de Recife (PE), e o Movimento Atualiza.

Recentemente, o Grupo Cynthia Charone, de Belém (PA), referência em oftalmologia e atenção humanizada ao envelhecimento, também se tornou um importante parceiro do Glossário Coletivo. Assim como a professora Leides Barroso Azevedo Moura, profa. associada da Universidade de Brasília, uma das criadoras da plataforma Vitrine100Idade.

Estreia

A estreia da websérie será no dia 21 de fevereiro, com a participação do psicólogo André Cabral (PE), da médica Cynthia Charone (PA) e do cartunista Lobo, autor dos cartuns com o tema #LugarDePessoaIdosaÉOndeElaQuiser. A série será transmitida pelos canais do Facebook – https://www.facebook.com/longevidaconsultoria – e do YouTube da Longevida – https://www.youtube.com/c/Longevida. Em breve mais novidades.

Comunicação inclusiva

Guia para não sermos etaristas em nossas comunicações

Por Silvia Triboni

Sabemos muito bem que o preconceito de idade é nocivo para as pessoas e para toda a sociedade. Entretanto, sabemos também que pequenas mudanças na maneira como falamos ou escrevemos sobre o envelhecimento e sobre as pessoas idosas podem ter impactos positivos e transformadores. Por esta razão é que este “Guia para não sermos etaristas em nossas comunicações” poderá nos ajudar a elaborar uma linguagem correta e inclusiva, que irá, inclusive, desafiar o preconceito etário (muitas vezes existente em nós mesmos).

É de conhecimento geral que o etarismo está generalizado na sociedade e pode ser encontrado em todos os lugares, desde os nossos locais de trabalho e até nos estereótipos que vemos na TV, na publicidade e na mídia.

Posto a linguagem e as imagens transmitirem significado que alimentam suposições e julgamentos preconceituosos, a leitura deste guia vai nos dar a confiança necessária para desafiarmos o idadismo e valorizarmos as representações positivas e realistas do envelhecimento que encontrarmos.

Esclareço que este “Guia para não sermos etaristas em nossas comunicações” apresenta uma síntese de artigos publicados para a Campanha Global de Combate ao Etarismo, da OMS Organização Mundial de Saúde, que visa melhorar a comunicação, e evitar o preconceito de idade em mensagens e imagens que usamos; pelo Centre for Ageing Better, uma fundação do Reino Unido destinada ao combate ao idadismo e valorização dos direitos humanos da pessoa idosa; e para a apresentação do Glossário Coletivo de enfrentamento ao Idadismo, criado pela Consultoria Longevida cujo objetivo é promover a cidadania da pessoa idosa no Brasil, com termos, expressões e depoimentos que denotam preconceito contra a pessoa idosa.

Ressalto, portanto, a importância da leitura na íntegra das referências acima mencionadas, com vistas ao conhecimento de todas as orientações que apresentam.

Boa leitura!

1 – Troque associações do envelhecimento a fragilidades, vulnerabilidades ou dependências

Guia para não ser etaristas - Silvia Triboni

Não se concentre apenas em retratos da velhice como um tempo de fragilidade,

ou como um estágio de vida associado a gostos particulares, por exemplo, o tricô.

Ser mais velho não significa necessariamente ser frágil, vulnerável ou dependente. Pessoas mais velhas continuam a ser ativas e participativas e contribuem de várias maneiras em seus locais de trabalho, comunidades e sociedade.

Adote representações realistas do envelhecimento:

– Dê voz aos adultos mais velhos

Histórias pessoais e as experiências dos adultos mais velhos podem dar destaque ao valor que há na diversidade etária.

Não reforce ideias de ‘envelhecimento bem-sucedido’ menosprezando as demais vivências. A forma como nós envelhecemos é frequentemente mais um produto do nosso ambiente do que de escolhas pessoais.

– Use uma linguagem neutra e precisa.

Evite termos que possam ser vistos como estigmatizantes, bem como aqueles que tenham sido usados com sentido pejorativo ou que estejam associados a uma competência inferior.

Evite dizer

. Não se refira a alguém como “Vô, Vó” (se não forem seus avós verdadeiros).

. Não chame as pessoas dos lares, ou institutos de longa permanência, de ‘pacientes’. Há pessoas que vivem nestes locais por opção. Mesmo onde a ajuda e assistência seja necessária à pessoa, evite esta expressão.

. Evite usar termos e linguagem que evoque pena e faça adultos mais velhos parecerem um grupo separado do resto da sociedade.

EXPERIMENTE

O termo adulto(s) mais velho(s); pessoa(s) mais velha(s) ou pessoa(s) idosa(s) são respeitosos e devem ser o padrão se forem claros e precisos ao se fazer referência à idade de alguém. Se possível, pergunte às pessoas que termos preferem.

Quando for relevante ser específico quanto à idade use: pessoas com 60 anos ou mais, etc.

2 – Evite o etarismo compassivo

A linguagem deve mostrar uma compreensão sobre a situação das pessoas, sem ser compassiva, estereotipada ou paternalista. É melhor usar uma linguagem objetiva e não enfocar apenas a idade, a deficiência ou outros estereótipos associados a diferentes faixas etárias.

Esteja atento ao preconceito compassivo, bem intencionado, de mentalidade paternalista, onde pessoas idosas são retratadas como vulneráveis e que requerem proteção.

Evite dizer

. Não use termos como ‘querida’, ‘jovem de coração’, ou ‘vó, ou vô’. Sempre se refira às pessoas por seus nomes.

. Não declare a idade de alguém, a menos que seja relevante. No entanto, se deve dizer a idade de alguém, seja específico.

. Evite linguagem sensacionalista negativa, do tipo: ‘vulnerável’, ‘desesperado’ e “apavorado” ou positiva, por exemplo: ‘amado’ e ‘sorridente’.

Guia para não sermos etaristas - Silvia Triboni

3 –  Não alimente conflito entre gerações

A ideia de um ‘conflito intergeracional’ tem ganhado relevo na sociedade. Há quem não concorde que os benefícios para as pessoas mais velhas custem tanto às pessoas mais jovens.

Evite dizer

. Evite metáforas que apresentem o envelhecimento em termos de crise.

Metáforas refletem uma percepção da geração baby boomer como um fardo social. Certos enquadramentos evocam imagens de um número incontrolável de adultos mais velhos que representarão um problema para a sociedade.

Evite as seguintes expressões:

 – Tsunami prateado

 – Penhasco demográfico

 – Bomba-relógio demográfica

EXPERIMENTE

Posicionar as informações sobre o envelhecimento da população de forma neutra, a permitir uma apresentação equilibrada das oportunidades e desafios associados à transição demográfica.

4 – Escolha as imagens com cuidado

As Imagens usadas ao lado de histórias sobre as pessoas idosas frequentemente são caricaturas sobre o envelhecimento. É importante mostrar representações positivas e que refletem a realidade da vida desses indivíduos.

Evite

Imagens com com adultos mais velhos a fazer paraquedismo ou com mãos enrugadas entrelaçadas. O uso generalizado deste tipo de imagem é desumanizante.

Embora isso possa refletir algumas das realidades das pessoas mais velhas, não representa todas as realidades que vemos na velhice.

EXPERIMENTE

. Experimente dar prioridade às imagens mais positivas e diversificadas que possam ilustrar melhor as diferentes realidades das populações mais velhas.

5 – Evite generalizações

Ter a mesma idade não significa que se é igual. Na verdade, tornamo-nos cada vez mais diversificados à medida que envelhecemos. Apesar dessa realidade, pessoas mais jovens e mais velhas tendem a ser retratadas de forma homogênea como uniformemente frágeis, vulneráveis e dependentes, ou invencíveis e ativas. As nossas experiências de vida e capacidades intrínsecas são apenas parcialmente correlacionadas com a nossa idade. Portanto, assumir que todas as pessoas de uma determinada idade são iguais não reflete com precisão o mundo ao nosso redor.

Evite fazer

. evite fazer descrições generalizadoras se referindo às pessoas mais velhas como ‘eles’ ou ‘deles’.

Pronome como “eles” e “deles” retratam pessoas mais jovens e mais velhas como se fossem um grupo separado e não parte de nossa sociedade.

EXPERIMENTE

Sempre que possível, tente usar uma linguagem inclusiva. Substitua “eles” ou “deles” por “nós” ou “nosso”. 

Glossário Coletivo de Enfrentamento ao Idadismo - Longevida

6 – Adote o Glossário Coletivo de enfrentamento ao idadismo

Este glossário é mais uma ferramenta educativa criada pela Consultoria Longevida, no bojo das ações da Campanha de Enfrentamento ao Idadismo chamada “Lugar de pessoa idosa é onde ela quiser”.

O valioso material aqui apresentado foi produzido de forma colaborativa, com importantes parceiros, e reúne termos, expressões, frases e situações que revelam como o etarismo e o preconceito contra a pessoa idosa, estão presentes em nosso dia-a-dia. O melhor, muito de seu conteúdo foi apresentado, voluntariamente, por pessoas idosas, as quais relataram a linguagem preconceituosa, ou idadista, que mais a magoam, ou incomodam.

Vale a pena fazer o download gratuito do Glossário Coletivo de enfrentamento ao idadismo.

Muito obrigada!

Silvia Triboni

Fundadora do projeto Across the Seven Seas, Repórter 60+ e Deputy Ambassador na Aging2.0 Lisbon

www.acrosssevenseas.com

(Imagem principal: Chinese photo created by rawpixel.com – www.freepik.com)

Marcio Lobo - cartunista

Cartunista Marcio Lobo reflete sobre idadismo com sua arte

Texto: Katia Brito

Marcio Lobo, cartunista autodidata, que em março completará 56 anos, é o autor dos cartuns em destaque nas redes sociais da Longevida. A inspiração veio do Glossário Coletivo de Enfrentamento ao Idadismo, lançado em dezembro do ano passado pela Longevida e parceiros, e especialmente do tema da campanha que deu origem à publicação: #lugardepessoaidosaéondeelaquiser: “Sem nenhum exagero, após ler a frase a criação foi automática, questão de segundos, foi incrível!”, conta. Conheça um pouco mais sobre ele nesta entrevista.

Como conheceu o Glossário Coletivo de Enfrentamento ao Idadismo? Já esteve ou está engajado em movimentos de longevidade?

Fui “marcado” por uma amiga (Silvia Triboni) num post do Grupo Maturi no Facebook. Entrei, fucei e adorei. Muito conteúdo, muita seriedade e muita relevância, muito mais que uma prestação de serviço. Conheci o Glossário nesse grupo. Nunca estive engajado em movimentos de longevidade até porque não sabia da existência deles, só que hoje isso virou um desejo.

Cartum Lobo - Glossário

Qual sua primeira impressão da frase da Campanha de Enfrentamento ao Idadismo da Longevida: #lugardepessoaidosaéondeelaquiser?

Uau, a frase! Foi absurdamente impactante, é uma frase absoluta, que não precisa ser explicada; nela contém respeito, protesto, enfrentamento, calor… enfim, uma frase libertadora. Gostaria muito de conhecer o (a) autor (a).

Como foi a criação das ilustrações inspiradas na frase?

Sem nenhum exagero, após ler a frase a criação foi automática, questão de segundos, foi incrível! Ao ler o glossário e os depoimentos houve uma mistura de sentimentos e confesso que entre eles houve uma boa dose de revolta. Não imaginava que esse preconceito fosse tão intenso e pesado, fiquei meio passado.

Como você avalia a importância da luta contra o idadismo?

Na minha opinião é de extrema importância que isso seja combatido incansavelmente, pois não se trata apenas de educação moral ou cidadania, e sim de saúde mental, bem-estar e respeito pela biografia de cada um.

Você sempre foi cartunista? Como e quando começou sua carreira?

Sim, sempre. O cartum sempre fez parte da minha vida. Com 11 anos de idade, havia criado exatos 51 personagens e alguns deles eu trabalhei em formato de historias em quadrinhos. Nunca parei. Comecei minha carreira em meados de 1982 na agência de publicidade James Walter Thompson como ilustrator training após ter vencido três concursos de desenho em nível nacional.

O que o motivou a trabalhar neste universo?

Aos 16 anos, conquistei o primeiro lugar num concurso de desenho promovido pela Rede Globo de Televisão e, aos 17, o primeiro lugar em dois concursos promovidos pela Editora Abril Cultural. Essas conquistas me renderam um Mini Buggy, uma moto 0 Km e um microcomputador, e isso me motivou a buscar um espaço profissional.

Quais os trabalhos de maior destaque na sua trajetória?

Minha relação com meus desenhos é 100% afetiva e não consigo destacar um ou outro. Tenho vários prêmios nacionais e internacionais, mas isso não quer dizer que algum mereça um destaque pessoal. Eu me orgulho sim, porém sem nenhuma vaidade, de ter trabalhado como cenarista em dois curtas-metragens Disney para a série DukeTales nos anos 90; trabalhos prazerosos e junto a uma equipe brilhante e inesquecível.

Como é seu trabalho hoje?

Há cinco anos, trabalho em casa como freelancer. Com o passar do tempo, uma recolocação se tornou impossível, pois a idade vai pesando. Sinto que fui ganhando alguns rótulos nada verdadeiros, do tipo, desatualizado, ultrapassado, inflexível, entre outros. Ouvi também de um ex-contratante que me tornei caro para o mercado, então desisti de tentar me recolocar, mas hoje me sinto feliz nessa condição.

A maturidade mudou sua perspectiva como cartunista?

Sim, a maturidade muda TUDO. O humor dos anos 80, 90 e 2000 são completamente diferentes do humor atual. O mundo mudou também e muito rápido por conta da tecnologia e acho que com esses novos cenários, novos conceitos e as novas necessidades, nós, cartunistas, precisamos de novos olhares.

Como você avalia a importância da sua arte nos dias de hoje? O que te inspira a desenhar?

A arte é absoluta, importante e necessária para a vida, seja ela minha, de gerações passadas ou a das que virão. A minha inspiração vem de tudo o que a vida me apresenta e o que mais me motiva a desenhar é exatamente tudo que me incomoda.

Quais são seus projetos para 2022? 

Inicio o ano concentrado em projetos autorais, (em fevereiro) lançarei uma história em quadrinhos na plataforma Amazon, e na sequência darei andamento a um livro infantil que foi baseado em um fato que ocorreu com a minha filhota numa praia da Bahia quando estávamos em férias. É um livro bem conceitual e com uma mensagem que vale para toda vida. Devo também abrir canais no YouTube com conteúdos sobre desenho, humor gráfico e cartuns animados. No mais, devo tirar outros projetos da gaveta, que apesar de estarem guardados são atuais, e dar andamento. Saiba mais no site Ilustralobo.wixsite.com/lobo

Lançamento Glossário Coletivo

Longevida lança Glossário Coletivo de Enfrentamento ao Idadismo

Com Prefeitura de São Paulo

A Longevida, consultoria na área do envelhecimento, lançou no dia 10 de dezembro, Dia dos Direitos Humanos, o Glossário Coletivo de Enfrentamento ao Idadismo. Uma live especial apresentou o material, produzido de forma colaborativa, com importantes parceiros, reunindo termos, expressões, frases e situações que expressam o idadismo, o preconceito contra a pessoa idosa. Assista a live no YouTube da Longevida: https://www.youtube.com/c/Longevida ou no Facebook: https://www.facebook.com/longevidaconsultoria.

O Glossário Coletivo foi produzido em parceria com a Prefeitura do Recife, por meio da Gerência da Pessoa Idosa; Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); Grande Conselho Municipal do Idoso de São Paulo; Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos de São Paulo; Casa Vovó Bibia de Apoio à Família, também de Recife (PE), e o Movimento Atualiza. O material está disponível para download pelo link – https://www.longevida.ong.br/glossario_idadismo.pdf

A iniciativa é uma das ações da Campanha de Enfrentamento ao Idadismo “Lugar de pessoa idosa é onde ela quiser”, lançada em outubro de 2021 pela Longevida. Outras ações foram as lives sobre o duplo preconceito que muitas vezes envolve a pessoa idosa, em relação ao capacitismo, ao racismo, à população LGBTQIA+ e a feminização da velhice. Temas que nos revelam como o idadismo, infelizmente, está na estrutura da sociedade, nas instituições públicas e privadas, e por vezes é reproduzido pelas próprias pessoas idosas. As lives podem ser visualizadas no YouTube da Longevida.

Festival Direitos Humanos

O Glossário Coletivo de Enfrentamento ao Idadismo também integrou o Festival de Direitos Humanos, iniciativa da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC). Em sua nona edição, a programação mesclou atrações presenciais e virtuais, incluindo cine debates, oficinas, painéis e exposições fotográficas. O festival trouxe temas relacionados à garantia de direitos fundamentais e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Alexandre Kalache - Seminário Internacional Brasil e Portugal

Seminário internacional celebra sucesso com mais de 1.200 visualizações

A primeira edição do Seminário Internacional sobre Longevidade: Brasil e Portugal – Desafios e Oportunidades foi um sucesso. Foram 500 inscritos de 23 Estados do Brasil, do Distrito Federal, e de Portugal. Com mais de 1.200 visualizações, o evento, realizado no dia 28 de setembro, cumpriu eu papel e apresentou o panorama da longevidade no Brasil e em Portugal. Além dos avanços e desafios em políticas, assistência social e conselhos de direitos.

O evento foi aberto pela diretora e fundadora da Longevida, Sandra Regina Gomes, que apresentou a consultoria voltada para a área de envelhecimento. A primeira palestra foi de Alexandre Kalache, referência em envelhecimento e longevidade, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-Brasil), que trouxe um panorama da longevidade frente à pandemia e ao idadismo. Kalache falou de sua esperança, do verbo esperançar do educador Paulo Freire, de que o Brasil avance como Portugal. No país, em 1975, a esperança de vida era de 68 anos e, em 2019, antes da pandemia, era de 81 anos.

Um dos destaques da fala de Kalache foram os “is” que formam o idadismo, o preconceito contra a pessoa idosa: ideológico – com grupos que acreditam valer mais que os outros; a institucionalização dessa ideologia, como as barreiras criadas nos serviços de saúde para a realização de exames e procedimentos e o acesso a medicamentos; interpessoal – com piadas e desrespeito que minam a autoestima das pessoas idosas; a internalização desse preconceito, e a inequidade.

Políticas públicas

Em sua fala, Sandra destacou os avanços na legislação para garantia de direitos da pessoa idosa como a Política Nacional e o Estatuto do Idoso, que completa 18 anos neste dia 1 de outubro, Dia da Pessoa Idosa. Ela ressaltou a importância do atendimento integrado à pessoa idosa e dos conselhos de direitos. Para a diretora da Longevida, só é possível constituir políticas públicas efetivas com a participação da pessoa idosa.

Sandra também abordou o tema do idadismo, foco da campanha de enfrentamento promovida pela Longevida no mês de outubro, e o movimento Velhice Não é Doença, contrário à inclusão do termo velhice na classificação internacional de doenças, a CID-11.

Sandra Gomes e Daniela Reis - Seminário Internacional Brasil e Portugal

A política de Assistência Social e a atenção à pessoa idosa foi o tema abordado por Daniela Reis, assistente social e mestre em Políticas Públicas. Segundo ela, a assistência social é um campo estratégico para a execução de políticas para a pessoa idosa. Na palestra, destaque para a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), que traz o Benefício de Prestação Continuada (BPC), programa de transferência de renda para pessoas idosas e com deficiência, e a Política Nacional de Assistência Social que possibilitou a criação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

Daniela afirmou que é preciso garantir a participação da pessoa idosa nos conselhos e conferências, sua inserção social, para fortalecer a política da pessoa idosa no Brasil. Da mesma forma, integrar o sistema da Assistência Social a outros sistemas como saúde, educação, habitação. 

Portugal

José Carreira, representante do Movimento #StopIdadismo em Portugal, destacou as experiências do país no atendimento à população idosa, acompanhado de belas imagens do fotógrafo amador Pedro Moreira. Portugal, quinto país mais envelhecido do mundo, vive, segundo ele, o desafio para equilibrar a alta esperança ao nascer com a qualidade de vida. Um dos dados apresentados mostra uma diferença de décadas entre uma fase de vida saudável e a piora da saúde. Outros desafios são semelhantes ao Brasil como o combate ao idadismo e à pobreza, que impede o acesso a cuidados e serviços.

José Carreira - Seminário Internacional Brasil e Portugal

Uma oportunidade para Portugal seria a implantação da Estratégia Nacional Envelhecimento Ativo e Saudável prevista para 2017, mas que não se efetivou. Carreira também vê oportunidades no empreendedorismo, turismo, comunidades amigas das pessoas idosas e na economia da longevidade.  Entre as respostas que o país já oferece, destacou as universidades seniores, que dinamizam atividades educativas, formativas, de interação social e convívio.

Confira no YouTube da Longevida o vídeo completo com todas as palestras! 

Campanha de enfrentamento ao idadimso - Lugar da pessoa idosa é onde ela quiser

Campanha de enfrentamento ao idadismo acontece em outubro

Imagem de debradeka por Pixabay

Em comemoração ao Mês da Pessoa Idosa, a Longevida promove em outubro a campanha de enfrentamento ao idadismo “Lugar de pessoa idosa é onde ela quiser”. O lançamento será no dia 1 de outubro, Dia Internacional da Pessoa Idosa, às 15 horas, com uma live especial com Sandra Regina Gomes, fundadora e diretora da Longevida; Karen Garcia, radialista e podcaster, e Silvia Triboni, editora e produtora de conteúdo em longevidade e turismo, ambas da equipe da Longevida. Acompanhe no canal do YouTube e no página do Facebook da Longevida.

O idadismo, também chamado de etarismo, ageísmo, velhismo, é uma forma de preconceito sofrida por pessoas por conta da idade, sobretudo, em relação aos indivíduos mais velhos. Para muitos, o envelhecimento ainda está associado de forma equivocada a um período de perdas, solidão e isolamento. Enquanto, na verdade, como preconiza a campanha, a velhice é uma das etapas do curso de vida, um período de conquistas e desafios como a infância, a adolescência e a juventude.    

Programação de lives 

Após o lançamento da campanha, as lives serão semanais ao longo do mês de outubro, sempre às sextas-feiras, às 15 horas. Convidados e especialistas vão abordar temas que representam um duplo preconceito para todos, pessoas idosas de hoje e do futuro: a discriminação de pessoas com deficiência, chamado de capacitismo (8 de outubro), os desafios enfrentados pela população LGBTQI+ (15 de outubro), racismo (22 de outubro) e feminização da velhice(29 de outubro). Em cada encontro, a mediação de um integrante da equipe Longevida. 

Além das lives, a campanha estará nas redes sociais com a hashtag #lugardepessoaidosaéondeelaquiser, mostrando toda a potencialidade e as oportunidades do envelhecer.

Glossário

Vinculado à campanha também está o lançamento do Glossário Coletivo de Enfrentamento ao Idadismo. O objetivo é reunir, de forma colaborativa, frases, expressões, conceitos e denominações que representem todo o preconceito contra a pessoa idosa. Qualquer pessoa física ou jurídica poderá colaborar até o dia 12 de novembro, basta encaminhar o material pelo e-mail contato@longevida.ong.br.  O glossário será publicado dia 10 de dezembro, Dia dos Direitos Humanos.

Serviço

Campanha de enfrentamento ao idadismo “Lugar de pessoa idosa é onde ela quiser”

Lives pelo Facebook Longevida Consultoria e canal do

1 de outubro, 15 horas – Lançamento da campanha e do Glossário Coletivo com Sandra Regina Gomes, Karen Garcia e Silvia Triboni

8 de outubro, 15 horas – Idadismo e Capacitismo com Izabel Maior, fisiatra e ex-secretária nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, e Tuca Munhoz, consultor especializado em acessibilidade. Mediação de Katia Fonseca

15 de outubro, 15 horas – Idadismo e LGBTQI+ com Milton Crenitte, médico geriatra e coordenador do ambulatório de sexualidade da pessoa idosa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, e Gisele Varani, fisioterapeuta, especialista em Gerontologia e representante do grupo Mães pela Diversidade. Mediação de Karen Garcia

22 de outubro, 15 horas  – Idadismo e Racismo com Alexandre Silva, doutor em Saúde Pública pela USP, professor da Faculdade de Medicina de Jundiaí e colunista do UOL; Suelma Inês de Deus Branco, assistente social e mestre em Gerontologia Social, e Maria da Conceição Paulo, a Pretinha, que aprendeu a ler e a escrever com 51 anos e, em 2020, lançou o livro “Jardim de Rosa-Palavra”

29 de outubro, 15 horas –  Idadismo e Feminização da Velhice com Delia Catullo Goldfarb, psicanalista com especialização em Gerontologia e diretora da GER-AÇÕES – Centro de Pesquisas e ações em gerontologia, e Lucila Egydio, consultora em sustentabilidade e desenvolvimento e mestre em Gerontologia. Mediação de Silvia Triboni

Glossário Coletivo de Enfrentamento ao Idadismo

Envio do material até o dia 12 de novembro pelo e-mail contato@longevida.ong.br

Setembro Amarelo - prevenção ao suicídio

Setembro Amarelo: entre pessoas idosas aumenta a taxa de suicídio

VivaBem UOL Longevidade, OPAS, Terra e Sesc

A alta ocorrência no mundo caracteriza o suicídio como um problema de saúde pública, por isso a importância da campanha Setembro Amarelo de prevenção ao suicídio e que esta seja uma discussão permanente ao longo do ano. Um desafio também para a população idosa. O último relatório epidemiológico do Ministério da Saúde sobre o tema, publicado em 2017, revela que a taxa geral de suicídio entre as pessoas acima de 70 anos é de 8,9 para cada cem mil habitantes, e na população geral, o número cai para 5,8.

De acordo com estimativas divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos, mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que HIV, malária ou câncer de mama – ou guerras e homicídios. Em 2019, mais de 700 mil pessoas morreram por suicídio: uma em cada 100 mortes, o que levou a OMS a produzir novas orientações para ajudar os países a melhorarem a prevenção do suicídio e atendimento.

O suicídio está entre os maiores tabus, cercado de preconceito. Muitas famílias ainda tentam apagar da memória social os parentes que dão fim à própria vida. Os enlutados dividem-se entre a revolta, o não entendimento do ocorrido e até a culpa. Em 2020, foi grande o choque em todo o Brasil pela morte do ator Flávio Migliaccio, que tirou a vida aos 85 anos.

Lançada em setembro de 2021, a campanha Bem Me Quer, Bem Me Quero, da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA) e da empresa Viatris, convida à reflexão sobre a importância de fazer parte de uma rede de apoio para ajudar a quem precisa ou, caso seja você quem está se sentindo mal, procurar e aceitar ajuda, tornar-se protagonista da sua saúde e se querer bem.

Um dos caminhos para quem precisa de ajuda é o Centro de Valorização da Vida, que funciona 24 horas por dia, pelo telefone 188, com atendimento também por e-mail e chat. Acesse o site www.cvv.org.br.

José Carreira - Seminário Internacional Longevida

Proteção à pessoa idosa: ativista português fala sobre a importância da parceria entre Brasil e Portugal

“Sou totalmente apologista da partilha de conhecimentos e de boas práticas”, afirma José Carreira, mestre em Trabalho Social, com pós-graduação em Direito do Envelhecimento, que representa o Movimento #StopIdadismo em Portugal., Ele considera  que os ganhos podem ser substanciais se a ponte digital entre Brasil e Portugal for bem aproveitada, “potencializando as oportunidades e combatendo as adversidades”.

Carreira é um dos convidados do I Seminário Internacional sobre longevidade: Brasil e Portugal – Desafios e Oportunidades, que será realizado pela Longevida – Consultoria na Area do Envelhecimento e coordenado por Sandra Regina Gomes, fundadora e diretora da Longevida. O evento, que vai ocorrer no próximo dia 28 de setembro, virtualmente, abordará a Política Nacional do Idoso, a rede de atendimento à população idosa no Brasil, os Conselhos de direitos da pessoa idosa, o Fundo Nacional do Idoso e experiências de Portugal no atendimento à população idosa.

Além de José Carreira, o Seminário contará com a honrosa participação de Alexandre Kalache, referência internacional em envelhecimento e longevidade e presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR). Os participantes terão, ainda, a oportunidade de assistir a duas palestras, com Sandra Regina Gomes e com a assistente social Daniela Reis.

Entrevista exclusiva

Em entrevista concedida exclusivamente ao site da Longevida, José Carreira fala sobre os desafios enfrentados por Portugal na proteção da pessoa idosa, citando alguns exemplos bem sucedidos nesta direção; sobre o Movimento #StopIdadismo em seu país; e sobre a importância da parceria entre Brasil e Portugal nas ações de valorização da pessoa idosa. Confira a entrevista na íntegra.

Quais são os principais desafios hoje no atendimento e proteção à pessoa idosa em Portugal?

A minha utopia pós-pandemia, passa pela construção de uma Cidadania Social, ancorada numa Economia do Cuidado. Olhar a velhice de frente reflete a dignidade de uma sociedade madura e humanizada que acompanha os seus até ao fim. Todos nós queremos ser acompanhados, cuidados, amados. Uma das reflexões que considero prioritária centra-se nos modelos de cuidados que queremos para o futuro, cuidados humanizados, centrados na pessoa e mais integrativos. Creio que fará sentido priorizar a desinstitucionalização dos cuidados e apostar num novo conceito de cuidados no domicílio, com a disponibilização de apoio sociais, da saúde e tecnologias de apoio, monitorizados por equipas multidisciplinares. Muitos países europeus já apostaram, há muitos anos, noutras respostas sociais e sanitárias. Devemos estudar outros modelos de prestação de cuidados no domicílio, devidamente adaptados ao nosso contexto social e econômico, e (re)construir uma política da longevidade.

O senhor poderia dar dois exemplos de políticas existentes hoje em Portugal para o atendimento à população idosa que considera acertadas e importantes?

Não nos esqueçamos que, em 2018, o risco de pobreza entre os mais velhos era de 17,3% contabilizando as transferências sociais e 88,8% sem as mesmas. Dois exemplos:

– Complemento solidário para idosos – Um apoio em dinheiro pago mensalmente aos idosos de baixos recursos, com idade igual ou superior à idade normal de acesso à pensão de velhice do regime geral de Segurança Social, ou seja, 66 anos e 6 meses e residentes em Portugal.

– Pensão Social de Velhice – É uma prestação em dinheiro, atribuída mensalmente, a partir da idade normal de acesso à pensão de velhice do regime geral de segurança social

Quais são principais ações feitas hoje pelo #Stop Idadismo no combate ao preconceito contra a pessoa idosa?

O Movimento #StopIdadismo tem como objetivo sensibilizar, identificar e eliminar os preconceitos e a marginalização das pessoas idosas devido à idade. Organizamos e participamos em iniciativas para visibilizar aquela que é a terceira causa de discriminação no mundo: o idadismo, seguindo-se ao racismo e ao sexismo. As campanhas estão em estreita articulação com a Campanha Mundial Contra o Idadismo da ONU “#AWorld4AllAges” e a Década do Envelhecimento Saudável 2020-2030, principal estratégia da Organização Mundial da Saúde (OMS) para apoiar ações de construção de uma sociedade para todas as idades, baseada na Estratégia Global da OMS sobre Envelhecimento e Saúde, no Plano de Ação Internacional das Nações Unidas para o Envelhecimento e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda das Nações Unidas 2030. Destaco as seguintes iniciativas: Campanha “Sinais de Alerta: Alzheimer e outras demências”; “#VelhiceNaoEDoenca”; “Consciencialização da violência contra a pessoa idosa”.

Qual é a importância de uma parceria com o Brasil para a pessoa idosa?

Sou totalmente apologista da partilha de conhecimentos e de boas práticas. No âmbito da longevidade, da “nova longevidade”, temos um longo caminho para percorrer na construção de uma comunidade inclusiva, amiga de todas as idades. Os ganhos serão substanciais se aproveitarmos a “ponte digital” que permite facilitar a união dos dois países – Portugal e Brasil – com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas, potencializando as oportunidades e combatendo as adversidades.

SERVIÇO

As inscrições para o seminário continuam abertas. Veja como participar no site da Longevida: https://www.longevida.ong.br/