Campanha de enfrentamento ao idadimso - Lugar da pessoa idosa é onde ela quiser

Campanha de enfrentamento ao idadismo acontece em outubro

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Em comemoração ao Mês da Pessoa Idosa, a Longevida promove em outubro a campanha de enfrentamento ao idadismo “Lugar de pessoa idosa é onde ela quiser”. O lançamento será no dia 1 de outubro, Dia Internacional da Pessoa Idosa, às 15 horas, com uma live especial com Sandra Regina Gomes, fundadora e diretora da Longevida; Karen Garcia, radialista e podcaster, e Silvia Triboni, editora e produtora de conteúdo em longevidade e turismo, ambas da equipe da Longevida. Acompanhe no canal do YouTube e no página do Facebook da Longevida.

O idadismo, também chamado de etarismo, ageísmo, velhismo, é uma forma de preconceito sofrida por pessoas por conta da idade, sobretudo, em relação aos indivíduos mais velhos. Para muitos, o envelhecimento ainda está associado de forma equivocada a um período de perdas, solidão e isolamento. Enquanto, na verdade, como preconiza a campanha, a velhice é uma das etapas do curso de vida, um período de conquistas e desafios como a infância, a adolescência e a juventude.    

Programação de lives 

Após o lançamento da campanha, as lives serão semanais ao longo do mês de outubro, sempre às sextas-feiras, às 15 horas. Convidados e especialistas vão abordar temas que representam um duplo preconceito para todos, pessoas idosas de hoje e do futuro: a discriminação de pessoas com deficiência, chamado de capacitismo (8 de outubro), os desafios enfrentados pela população LGBTQI+ (15 de outubro), racismo (22 de outubro) e feminização da velhice(29 de outubro). Em cada encontro, a mediação de um integrante da equipe Longevida. 

Além das lives, a campanha estará nas redes sociais com a hashtag #lugardepessoaidosaéondeelaquiser, mostrando toda a potencialidade e as oportunidades do envelhecer.

Glossário

Vinculado à campanha também está o lançamento do Glossário Coletivo de Enfrentamento ao Idadismo. O objetivo é reunir, de forma colaborativa, frases, expressões, conceitos e denominações que representem todo o preconceito contra a pessoa idosa. Qualquer pessoa física ou jurídica poderá colaborar até o dia 12 de novembro, basta encaminhar o material pelo e-mail contato@longevida.ong.br.  O glossário será publicado dia 10 de dezembro, Dia dos Direitos Humanos.

Serviço

Campanha de enfrentamento ao idadismo “Lugar de pessoa idosa é onde ela quiser”

Lives pelo Facebook Longevida Consultoria e canal do

1 de outubro, 15 horas – Lançamento da campanha e do Glossário Coletivo com Sandra Regina Gomes, Karen Garcia e Silvia Triboni

8 de outubro, 15 horas – Idadismo e Capacitismo com Izabel Maior, fisiatra e ex-secretária nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, e Tuca Munhoz, consultor especializado em acessibilidade. Mediação de Katia Fonseca

15 de outubro, 15 horas – Idadismo e LGBTQI+ com Milton Crenitte, médico geriatra e coordenador do ambulatório de sexualidade da pessoa idosa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, e Gisele Varani, fisioterapeuta, especialista em Gerontologia e representante do grupo Mães pela Diversidade. Mediação de Karen Garcia

22 de outubro, 15 horas  – Idadismo e Racismo com Alexandre Silva, doutor em Saúde Pública pela USP, professor da Faculdade de Medicina de Jundiaí e colunista do UOL; Suelma Inês de Deus Branco, assistente social e mestre em Gerontologia Social, e Maria da Conceição Paulo, a Pretinha, que aprendeu a ler e a escrever com 51 anos e, em 2020, lançou o livro “Jardim de Rosa-Palavra”

29 de outubro, 15 horas –  Idadismo e Feminização da Velhice com Delia Catullo Goldfarb, psicanalista com especialização em Gerontologia e diretora da GER-AÇÕES – Centro de Pesquisas e ações em gerontologia, e Lucila Egydio, consultora em sustentabilidade e desenvolvimento e mestre em Gerontologia. Mediação de Silvia Triboni

Glossário Coletivo de Enfrentamento ao Idadismo

Envio do material até o dia 12 de novembro pelo e-mail contato@longevida.ong.br

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Longevida participa de eventos em comemoração ao Dia da Pessoa Idosa

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Dia da Pessoa Idosa - Vereadora Sandra Santana

Para celebrar o Dia Internacional da Pessoa Idosa, celebrado no dia 1 de outubro, vários eventos estão programados pelo país. A Longevida estará representada em encontros em São Paulo e Goiás com a participação de sua diretora e fundadora, Sandra Regina Gomes. Destaque para a live de lançamento da campanha de enfrentamento ao idadismo “Lugar de pessoa idosa é onde ele quiser”.  

A programação começará no dia 30 de setembro, às 19 horas, na live “Dia do Idoso – Importância de uma casa segura para seu bem-estar”, promovida no Facebook da vereadora de São Paulo, Sandra Santana. Sandra Gomes, da Longevida, é convidada juntamente com Maria Paulina, a Vó Tutu, fundadora das ações sociais que levam seu nome.

Goiás

Encontro Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa - Goiás

No dia 1 de outubro acontece em Goiás o I Encontro Estadual Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa – Implementação dos Conselhos e Fundos Municipais da Pessoa Idosa, das 9 às 12 horas. O webinar é promovido pelo Ministério Público de Goiás, por meio da Escola Superior (Esump-MPGO), a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Goiás, Associação Goiana de Municípios, Receita Federal, Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa, entre outros órgãos de Goiás.

Sandra Gomes abrirá o Encontro Estadual com a palestra “A importância do Conselho Municipal da Pessoa Idosa na implementação das políticas públicas”. O evento abordará ainda A Receita Federal Solidária, O papel do profissional de contabilidade na implementação do Fundo da Pessoa Idosa e na destinação das doações a este fundo e experiências do Conselho Municipal de Direitos da Pessoa Idosa. A transmissão será feita pela plataforma Zoom para os inscritos, mas o vídeo ficará disponível no canal da Esump no YouTube.

CRI Norte

Dia da Pessoa Idosa - CRI Norte

Em seguida, a partir das 13h30, Sandra participará de um bate-papo online no Centro de Referência da Zona Norte de São Paulo (CRI Norte), integrando as atividades do Orgulho Prateado. O ambulatório de atenção secundária do Sistema Único de Saúde (SUS) com foco na atenção à saúde ao idoso, é referência para as Unidades Básicas de Saúde (UBS) da região norte da cidade de São Paulo, que conta também com centro de convivência. O bate-papo será transmitido pelo YouTube: http://bit.ly/1Ii3F1U.

Campanha

A partir das 15 horas, é a vez da live de lançamento da campanha de enfrentamento ao idadismo “Lugar de pessoa idosa é onde ele quiser”, promovida pela Longevida. Sandra e a equipe da consultoria na área de envelhecimento vão dar início à campanha que terá lives semanais ao longo do mês de outubro, sempre às sextas-feiras, às 15 horas. Acompanhe as lives pelo Facebook Longevida Consultoria e canal do YouTube da Longevida.   

Setembro Amarelo - prevenção ao suicídio

Setembro Amarelo: entre pessoas idosas aumenta a taxa de suicídio

VivaBem UOL Longevidade, OPAS, Terra e Sesc

A alta ocorrência no mundo caracteriza o suicídio como um problema de saúde pública, por isso a importância da campanha Setembro Amarelo de prevenção ao suicídio e que esta seja uma discussão permanente ao longo do ano. Um desafio também para a população idosa. O último relatório epidemiológico do Ministério da Saúde sobre o tema, publicado em 2017, revela que a taxa geral de suicídio entre as pessoas acima de 70 anos é de 8,9 para cada cem mil habitantes, e na população geral, o número cai para 5,8.

De acordo com estimativas divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos, mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que HIV, malária ou câncer de mama – ou guerras e homicídios. Em 2019, mais de 700 mil pessoas morreram por suicídio: uma em cada 100 mortes, o que levou a OMS a produzir novas orientações para ajudar os países a melhorarem a prevenção do suicídio e atendimento.

O suicídio está entre os maiores tabus, cercado de preconceito. Muitas famílias ainda tentam apagar da memória social os parentes que dão fim à própria vida. Os enlutados dividem-se entre a revolta, o não entendimento do ocorrido e até a culpa. Em 2020, foi grande o choque em todo o Brasil pela morte do ator Flávio Migliaccio, que tirou a vida aos 85 anos.

Lançada em setembro de 2021, a campanha Bem Me Quer, Bem Me Quero, da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA) e da empresa Viatris, convida à reflexão sobre a importância de fazer parte de uma rede de apoio para ajudar a quem precisa ou, caso seja você quem está se sentindo mal, procurar e aceitar ajuda, tornar-se protagonista da sua saúde e se querer bem.

Um dos caminhos para quem precisa de ajuda é o Centro de Valorização da Vida, que funciona 24 horas por dia, pelo telefone 188, com atendimento também por e-mail e chat. Acesse o site www.cvv.org.br.

Pesquisa Cuidadores no Brasil

Estudo aponta que seis em cada 10 cuidadores familiares no Brasil já tem 50 anos ou mais

Instituto Lado a Lado pela Vida, Veja Saúde e Novartis / Imagem Mulher foto criado por freepik – br.freepik.com

O Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL) e a Veja Saúde, com o apoio da Novartis, lançaram recentemente o estudo “Cuidadores do Brasil”. Entre os destaques, estão que seis em cada dez participantes do estudo têm pelo menos 50 anos – e 27% deles tem 60 anos ou mais. E mais: 90% dos entrevistados tiveram que assumir o papel de cuidador por ser o parente mais próximo e não dispor de condições financeiras para contratar um profissional. Além disso, neste universo, as mulheres são a maioria: dos cuidadores familiares, são 83%; entre os profissionais, 91%.

Entre outubro de 2020 e janeiro de 2021, foi realizada uma pesquisa quantitativa online que trouxe as percepções e realidades de 2.534 cuidadores (2.047 familiares e 487 profissionais) de todas as regiões do país. Outra informação impactante do estudo é que 80% desses cuidadores familiares não têm cursos na área da saúde e 83% de todos os entrevistados não são remunerados pelo trabalho que exercem. O objetivo da amostra é elucidar sobre os anseios e necessidades desses cuidadores.

Sobre o impacto na saúde emocional e física desses cuidadores, o total de 48% sofre com estresse e um em cada cinco com insônia. Também são comuns relatos de dores e lesões por esforço repetitivo (LER), o que nos convoca a pensar na prevenção de doenças ocupacionais.

Decisões

Entre os cuidadores familiares, 96% participam das decisões relacionadas ao bem-estar do paciente e 88% estão ao seu lado nas consultas médicas. Entre os profissionais, 82% se fazem presentes nas consultas. Nessa linha, 95% afirmam seguir à risca a maioria das recomendações médicas e 74% incentivam o paciente a se manter ativo. O médico representa a principal fonte de informação para os cuidadores e cinco em cada dez entrevistados só têm contato com ele nas consultas presenciais.

A pesquisa completa, com as 47 perguntas e os achados que o estudo trouxe estão disponíveis no portal do Instituto Lado a Lado pela Vida.

Arroz e feijão - alimentação saudável para pessoas idosas

Protocolo orienta sobre alimentação saudável para pessoas idosas

Ministério da Saúde / Imagem de Daniel Dan outsideclick por Pixabay

A combinação de arroz e feijão é muito importante em qualquer fase da vida, especialmente para a população idosa. E o cuidado com as pessoas com 60 anos ou mais é o foco da nova edição do Protocolo de Uso do Guia Alimentar para a População Brasileira na Orientação Alimentar da Pessoa Idosa do Ministério da Saúde. A publicação é voltada a profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde (APS).

A recomendação número um do protocolo é que os profissionais estimulem o consumo diário de arroz e feijão, prato típico dos brasileiros, preferencialmente no almoço e no jantar. O feijão é rico em fibras, proteínas e diversas vitaminas e minerais, que previnem carências nutricionais e distúrbios gastrointestinais, problemas comuns entre os mais idosos.
Além disso, ao contrário do que o senso comum afirma, a combinação do arroz com feijão faz parte de padrões alimentares associados a menor ocorrência de obesidade e outras doenças crônicas não transmissíveis.

O guia também traz orientações sobre tempo de cozimento para facilitar a digestão do feijão, além de opções de substituição de ingredientes, diminuindo o tempo e facilitando o preparo. O cuidado com a quantidade de sal e gorduras e de temperos industrializados é um dos alertas presentes na publicação.

Em caso de dificuldade de mastigação, é importante que se aumente o tempo de cozimento do arroz e do feijão para ficarem mais macios. A inclusão de verduras e legumes no feijão vai deixá-lo ainda mais saboroso e nutritivo.

Consumo de frutas, legumes e verduras

Dentre as recomendações do protocolo, está a inclusão dos legumes em saladas cruas e em preparações quentes, como cozidos, refogados, assados, gratinados, empanados e ensopados. Também é possível incluir verduras e legumes em preparações culinárias, como omelete com legumes, arroz com legumes, feijão, bolinho de espinafre e tortas. Saiba mais no guia completo.

Painel Direitos Humanos, Políticas Públicas e demência - SMDHC

Painel debate direitos humanos e políticas públicas para pessoas idosas com demência

A Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) de São Paulo, por meio da sua Coordenação de Políticas para a Pessoa Idosa, realiza a programação “Conhecimento e Coragem: Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer”, que é celebrado no dia 21 de setembro. Destaque para o encerramento nesta quinta-feira, dia 23, às 10 horas, com o painel “Direitos Humanos e Políticas Públicas para pessoas com demência: Perguntas Frequentes”. A mediação será de Sandra Regina Gomes, diretora e fundadora da Longevida.

O painel também contará com Vera Pedrosa Caovilla, diretora da 50mais Ativo, administradora hospitalar, especialista em Gerontologia Social, pós-graduada em Marketing (FECAP), com mestrado em Serviços de Saúde (Faculdade de Ciências da Saúde – Faculdade São Camilo). O evento online e gratuito será transmitido pela plataforma Google Meet. Basta acessar o link: https://meet.google.com/eij-ofoz-ykf

Orgulho 60+ - Sandra Gomes, Longevida

Orgulho 60+ entrevista Sandra Regina Gomes

Maria Eugênia Meireles, do canal do YouTube Orgulho 60+, bateu um papo em setembro com Sandra Regina Gomes, diretora e fundadora da Longevida, sobre sua trajetória profissional, longevidade, políticas públicas e direitos da pessoa idosa. Destaque também para a campanha Velhice Não é Doença, que tem Sandra como uma das organizadoras.

O Orgulho60+® é um movimento idealizado por Maria Eugênia com o propósito valorizar a longevidade, inspirar o envelhecimento ativo e celebrar a vida. Como ela afirma e toda a equipe da Longevida concorda, “a longevidade é uma conquista a ser celebrada”.

Alzheimer e os desafios para os cuidadores

O dia 21 de setembro é o Dia Mundial da Doença de Alzheimer, e o mês é marcado pela campanha Setembro Lilás, realizada para ampliar a conscientização e reduzir o estigma sobre a doença que afeta milhões de pessoas no mundo. Para falar sobre os desafios da doença para os cuidadores familiares e profissionais, a Longevida traz uma entrevista especial com Vera Caovilla, diretora da 50mais Ativo e uma das fundadoras da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz).

Quais os principais desafios para os cuidadores de pacientes com a doença de Alzheimer?

Sabemos que a doença de Alzheimer não tem o mesmo padrão para todos. Cada paciente reage de forma única e dessa forma, tanto para o cuidador formal como para o informal, o grande desafio é entender como a doença está afetando aquele paciente em especial: ele responde de forma mais tranquila? É agitado? Agressivo? Amoroso?

Quando conseguimos identificar esta relação doença x paciente, precisamos começar a entender melhor a doença como um todo: tratamento medicamentoso e não medicamentoso, quais os profissionais que estão envolvidos no trato de uma pessoa com doença de Alzheimer?

Qual a diferença entre cuidador formal e o informal?

Cuidador informal ou cuidador familiar: normalmente é uma pessoa da família, esposa(o) e/ou filha(o) que não foi preparado para o ato de cuidar de uma pessoa de quem sempre recebeu cuidado. Como trabalhar o emocional e o físico sabendo que este cuidar será de 24horas ou mais ainda? Existe a possibilidade de dividir a tarefa de cuidar com outra pessoa? Ele precisa se cercar da maior quantidade de informações e orientações possível, e isto pode ser conseguido através da participação em grupos de apoio, presencial ou virtual.

Uma rede de solidariedade precisa ser construída para que este cuidador fique tranquilo em caso de necessidade e aí entram: parentes, amigos, comunidade, serviços privados e públicos – enfim tudo que possa trazer segurança para o paciente e para ele. São muitos outros desafios a serem vencidos, além destes, mas acredito que buscando informações, conhecendo mais sobre a doença, sabendo onde buscar apoio e ciente de que existe uma rede que pode ajudá-lo, este cuidador informal já venceu grande parte deles.

Cuidador formal: profissional contratado pela família para cuidar de membro da família afetado pela doença de Alzheimer, que infelizmente não tem ainda a profissão regulamentada. Tem como maior desafio o reconhecimento de sua função, essencial e primordial para algumas famílias. Poucos cursos confiáveis são oferecidos para a formação de cuidadores e por muitas vezes as funções junto ao paciente são confundidas com as funções especificas do cuidar de uma casa, o serviço doméstico propriamente dito.

Quando o cuidador formal atende o idoso independente ou não, em sua casa, tem outros desafios a serem vencidos como, por exemplo, como e a quem atender quando vários membros da familiar querem determinar o que desse ver feito com o idoso/paciente, ou quando existem outros funcionários na casa e todos querem ser “os donos do paciente”. Como a família e o cuidador formal podem se estruturar para manter uma harmonia nas ações para que o paciente tenha o melhor atendimento possível? Existem recursos legais, administrativos ou operacionais que podem ser adotados e dessa forma, uma parte dos desafios enfrentados pelo cuidador formal já será sanada.

Como a tecnologia pode auxiliar cuidadores e pacientes?

Atualmente existem vários recursos que podem auxiliar o cuidador, informal ou formal, no trato com o paciente, desde controle da medicação, exercícios físicos e exercícios de estimulação cognitiva. Muitos deles, gratuitos e de fácil acesso virtual. Entretanto esses recursos, quando adotados, devem ser de uma maneira bem orientada pelos profissionais que atendem o paciente. Às vezes, pensamos estar fazendo um bem enorme e na verdade, estamos comprometendo o paciente no seu todo: físico, emocional e intelectual.

Mas será que esta tecnologia está disponível para todos os cuidadores e pacientes? Infelizmente ainda não. Cuidadores familiares, por vezes, têm dificuldade em buscar recurso adequado e saber como orientar o paciente. Não podemos esquecer da imensidão de nosso país, onde recursos tecnológicos são facilmente encontrados nas principais cidades, e nas demais?

Acredito sim que a tecnologia pode ajudar em muito não só para incentivar o desenvolvimento do paciente como para criar um vínculo de amizade e respeito entre o cuidador familiar e/ou cuidador informal. Porém será necessário que o custo destes recursos seja mais condizente com as condições financeiras da população brasileira assim como o acesso a eles mais consistente.

Que políticas públicas seriam necessárias para evitar a sobrecarga desses cuidadores e também dar um melhor atendimento aos pacientes?

Em 2002 quando foi assinada a portaria 703 que instituiu no SUS o Programa de Assistência às Pessoas com Doença de Alzheimer, preconizou que além dos medicamentos utilizados no tratamento, os pacientes e os cuidadores receberiam não só o acompanhamento médico como também o psicológico e “o que mais for necessário à adequada atenção aos pacientes portadores da Doença de Alzheimer”.

Perto de completar 20 anos da assinatura da portaria, o que temos hoje? As portarias 702 e 703 estabeleceram que o diagnóstico e tratamento da doença devem ser feitos por médicos especialistas em geriatria ou neurologia ou psiquiatria mas sabemos que infelizmente não temos estas especialidades com certa frequência na rede pública, e o paciente para receber este atendimento, precisa ser encaminhado da atenção primária para a especializada e isto tem demorado muito, ocasionando diagnóstico tardio e consequente diminuindo a oportunidade de um tratamento mais eficaz na fase leve da doença.

Politicas públicas para pessoas com demência ou doença de Alzheimer praticamente inexistem; temos sim algumas iniciativas de UBSs que desenvolvem trabalho direcionado ao paciente e ao cuidador de uma forma bastante integrada e constante, mas não em todas as unidades. Se falarmos no Brasil como um todo, verificamos que estamos a anos luz de trazer tratamento adequado à pessoa com doença de Alzheimer.

Como é a situação em outros países?

Inúmeros países no mundo todo já desenvolveram seus Planos Nacionais de Demência sendo que na América Latina: Chile, Costa Rica, Cuba, México e Porto Rico já têm seus planos. E o Brasil? Continuaremos a ter a doença mal diagnosticada, lutando contra o estigma e preconceito, a falta de informações, demora no atendimento e outras tantas dificuldades. Muito em breve, daqui uns 10, 15 anos, o Brasil será a sexta potência do mundo em número de idosos e sabemos que a doença de Alzheimer, mesmo não sendo uma doença característica da idade, afeta pessoas idosas, então o que o futuro nos reserva? Eu, você, nós podemos desenvolver a doença de Alzheimer e que atendimento teremos? 

José Carreira - Seminário Internacional Longevida

Proteção à pessoa idosa: ativista português fala sobre a importância da parceria entre Brasil e Portugal

“Sou totalmente apologista da partilha de conhecimentos e de boas práticas”, afirma José Carreira, mestre em Trabalho Social, com pós-graduação em Direito do Envelhecimento, que representa o Movimento #StopIdadismo em Portugal., Ele considera  que os ganhos podem ser substanciais se a ponte digital entre Brasil e Portugal for bem aproveitada, “potencializando as oportunidades e combatendo as adversidades”.

Carreira é um dos convidados do I Seminário Internacional sobre longevidade: Brasil e Portugal – Desafios e Oportunidades, que será realizado pela Longevida – Consultoria na Area do Envelhecimento e coordenado por Sandra Regina Gomes, fundadora e diretora da Longevida. O evento, que vai ocorrer no próximo dia 28 de setembro, virtualmente, abordará a Política Nacional do Idoso, a rede de atendimento à população idosa no Brasil, os Conselhos de direitos da pessoa idosa, o Fundo Nacional do Idoso e experiências de Portugal no atendimento à população idosa.

Além de José Carreira, o Seminário contará com a honrosa participação de Alexandre Kalache, referência internacional em envelhecimento e longevidade e presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR). Os participantes terão, ainda, a oportunidade de assistir a duas palestras, com Sandra Regina Gomes e com a assistente social Daniela Reis.

Entrevista exclusiva

Em entrevista concedida exclusivamente ao site da Longevida, José Carreira fala sobre os desafios enfrentados por Portugal na proteção da pessoa idosa, citando alguns exemplos bem sucedidos nesta direção; sobre o Movimento #StopIdadismo em seu país; e sobre a importância da parceria entre Brasil e Portugal nas ações de valorização da pessoa idosa. Confira a entrevista na íntegra.

Quais são os principais desafios hoje no atendimento e proteção à pessoa idosa em Portugal?

A minha utopia pós-pandemia, passa pela construção de uma Cidadania Social, ancorada numa Economia do Cuidado. Olhar a velhice de frente reflete a dignidade de uma sociedade madura e humanizada que acompanha os seus até ao fim. Todos nós queremos ser acompanhados, cuidados, amados. Uma das reflexões que considero prioritária centra-se nos modelos de cuidados que queremos para o futuro, cuidados humanizados, centrados na pessoa e mais integrativos. Creio que fará sentido priorizar a desinstitucionalização dos cuidados e apostar num novo conceito de cuidados no domicílio, com a disponibilização de apoio sociais, da saúde e tecnologias de apoio, monitorizados por equipas multidisciplinares. Muitos países europeus já apostaram, há muitos anos, noutras respostas sociais e sanitárias. Devemos estudar outros modelos de prestação de cuidados no domicílio, devidamente adaptados ao nosso contexto social e econômico, e (re)construir uma política da longevidade.

O senhor poderia dar dois exemplos de políticas existentes hoje em Portugal para o atendimento à população idosa que considera acertadas e importantes?

Não nos esqueçamos que, em 2018, o risco de pobreza entre os mais velhos era de 17,3% contabilizando as transferências sociais e 88,8% sem as mesmas. Dois exemplos:

– Complemento solidário para idosos – Um apoio em dinheiro pago mensalmente aos idosos de baixos recursos, com idade igual ou superior à idade normal de acesso à pensão de velhice do regime geral de Segurança Social, ou seja, 66 anos e 6 meses e residentes em Portugal.

– Pensão Social de Velhice – É uma prestação em dinheiro, atribuída mensalmente, a partir da idade normal de acesso à pensão de velhice do regime geral de segurança social

Quais são principais ações feitas hoje pelo #Stop Idadismo no combate ao preconceito contra a pessoa idosa?

O Movimento #StopIdadismo tem como objetivo sensibilizar, identificar e eliminar os preconceitos e a marginalização das pessoas idosas devido à idade. Organizamos e participamos em iniciativas para visibilizar aquela que é a terceira causa de discriminação no mundo: o idadismo, seguindo-se ao racismo e ao sexismo. As campanhas estão em estreita articulação com a Campanha Mundial Contra o Idadismo da ONU “#AWorld4AllAges” e a Década do Envelhecimento Saudável 2020-2030, principal estratégia da Organização Mundial da Saúde (OMS) para apoiar ações de construção de uma sociedade para todas as idades, baseada na Estratégia Global da OMS sobre Envelhecimento e Saúde, no Plano de Ação Internacional das Nações Unidas para o Envelhecimento e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda das Nações Unidas 2030. Destaco as seguintes iniciativas: Campanha “Sinais de Alerta: Alzheimer e outras demências”; “#VelhiceNaoEDoenca”; “Consciencialização da violência contra a pessoa idosa”.

Qual é a importância de uma parceria com o Brasil para a pessoa idosa?

Sou totalmente apologista da partilha de conhecimentos e de boas práticas. No âmbito da longevidade, da “nova longevidade”, temos um longo caminho para percorrer na construção de uma comunidade inclusiva, amiga de todas as idades. Os ganhos serão substanciais se aproveitarmos a “ponte digital” que permite facilitar a união dos dois países – Portugal e Brasil – com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas, potencializando as oportunidades e combatendo as adversidades.

SERVIÇO

As inscrições para o seminário continuam abertas. Veja como participar no site da Longevida: https://www.longevida.ong.br/

Uma experiência inusitada: a criação da Escola de Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa “Professor Paulo Freire”.

Por Sandra Regina Gomes

Neste 19 de setembro de 2021, completa-se o centenário de nascimento do professor Paulo Freire e não poderíamos deixar passar esta data sem enaltecer aquele que foi – e ainda é – o maior educador brasileiro que se tem notícia, reconhecido nacional e internacionalmente. Celebrar Paulo Freire é enaltecer o seu espírito, que sempre se apresentou com pensamentos rebeldes, temperado com critica, com trabalho coletivo, com fomento para que os sujeitos fossem protagonistas de sua história, com sonhos de justiça e equidade. Ele acreditava que a alegria se constrói coletivamente e que o foco principal é o cuidado. E que a educação é pautada na amorosidade.

Tendo como diretrizes estes pressupostos, em setembro de 2017, criei a Escola de Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa “Professor Paulo Freire”, quando assumi a Coordenação de Políticas para Pessoa Idosa, na Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), da Prefeitura de São Paulo. A ideia de criar esta escola ocorreu logo nos primeiros encontros com o Grande Conselho Municipal do Idoso (GCMI), quando pude perceber a necessidade urgente de formação de seus membros.

A proposta da Escola de Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa “Professor Paulo Freire” surge, então, com o compromisso efetivo e pedagógico de fomentar práticas participativas de democratização da sociedade civil, tendo por inspiração as bases legais e institucionais pertinentes à atuação dos conselheiros. Assim, ao assumir o papel de “educador” o município contribui para o avanço da construção de uma cidadania ativa entre os conselheiros e conselheiras eleitos. Tal escola procura enfatizar que os benefícios de uma aprendizagem ao longo da vida têm impacto positivo na autoestima das pessoas com 60+, fortalece a autoconfiança e estimula a participação social.
Paulo Freire tem como proposta a educação dialógica, em que o educador e o educando aprendem juntos, e que o professor não tem o saber absoluto e o principal objetivo é a troca de experiência com a valorização da cultura desses atores.

Neste contexto, podemos afirmar que as pessoas idosas são atores sociais em destaque porque trazem as suas histórias e seus conhecimentos para criarem, em conjunto, uma forma de participação, promovendo processos de mudança de atitudes e valores, comportamentos para ampliarem a democratização e a consciência cidadã.
A sinergia entre estes pressupostos pedagógicos e o Envelhecimento Ativo da Organização Mundial de Saúde (OMS) é inquestionável por ter em um dos seus pilares a aprendizagem ao longo do tempo, um recurso renovável que melhora a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem.

A Escola

O objetivo geral da Escola de Conselhos é capacitar os conselheiros e lideranças da comunidade para o exercício do protagonismo político na concretização dos direitos de cidadania das pessoas idosas.
A decisão sobre o conteúdo, forma de trabalho, abordagens e propostas metodológicas foram feitas com base nos conhecimentos e vivências dos conselheiros eleitos, dos candidatos ao Conselho e de lideranças dos Fóruns de Direitos da Pessoa Idosa da Cidade de São Paulo.

A Escola de Conselhos tem como foco o acesso à informação das estruturas e da operacionalização do Estado, para que o conselheiro e a conselheira tenham maior desenvoltura para o exercício do controle social. A proposta não é tecnocrática, mas orgânica, posto que proporciona espaços de análises e debates no processo de construção do conhecimento, para que os participantes sejam protagonistas políticos de direitos.

Foram realizadas até a presente data, quatro turmas da Escola de Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa “Professor Paulo Freire”, com a participação total de 200 alunos e alunas. No encerramento das atividades, os alunos recebem um certificado.

Ética

Com a palavras, o professor Paulo Freire: “Acho-me absolutamente convencido da natureza ética da prática educativa, enquanto prática especificamente humana. É que, por outro lado, nos achamos, ao nível do mundo e não apenas do Brasil, de tal maneira submetidos ao comando da malvadez da ética do mercado, que me parece ser pouco tudo o que façamos na defesa e na prática da ética universal do ser humano. Não podemos nos assumir como sujeitos da procura, da decisão, da ruptura, da opção, como sujeitos históricos, transformadores, a não ser assumindo-nos como sujeitos éticos. Neste sentido, a transgressão dos princípios éticos é uma possibilidade, mas não é uma virtude. Não podemos aceitá-la” (livro Pedagogia da Autonomia, página 19):

Quando o professor Paulo Freire fala sobre ética, entendemos que tem relação direta com a construção de uma sociedade mais justa, humana e fraterna, onde o homem seja sujeito de sua própria história e respeite os direitos da coletividade. Ele nos conduz a sermos agentes de seu pensamento, das suas ideias, imbuídos de suas referências para criarmos espaços em que possamos esperançar, termo cunhado pelo pedagogo inspirador de nosso trabalho. O modelo de sociedade que ele defende é aquela sem oprimidos e opressores e a educação como prática de liberdade.