Alexandre Kalache - Seminário Internacional Brasil e Portugal

Seminário internacional celebra sucesso com mais de 1.200 visualizações

A primeira edição do Seminário Internacional sobre Longevidade: Brasil e Portugal – Desafios e Oportunidades foi um sucesso. Foram 500 inscritos de 23 Estados do Brasil, do Distrito Federal, e de Portugal. Com mais de 1.200 visualizações, o evento, realizado no dia 28 de setembro, cumpriu eu papel e apresentou o panorama da longevidade no Brasil e em Portugal. Além dos avanços e desafios em políticas, assistência social e conselhos de direitos.

O evento foi aberto pela diretora e fundadora da Longevida, Sandra Regina Gomes, que apresentou a consultoria voltada para a área de envelhecimento. A primeira palestra foi de Alexandre Kalache, referência em envelhecimento e longevidade, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-Brasil), que trouxe um panorama da longevidade frente à pandemia e ao idadismo. Kalache falou de sua esperança, do verbo esperançar do educador Paulo Freire, de que o Brasil avance como Portugal. No país, em 1975, a esperança de vida era de 68 anos e, em 2019, antes da pandemia, era de 81 anos.

Um dos destaques da fala de Kalache foram os “is” que formam o idadismo, o preconceito contra a pessoa idosa: ideológico – com grupos que acreditam valer mais que os outros; a institucionalização dessa ideologia, como as barreiras criadas nos serviços de saúde para a realização de exames e procedimentos e o acesso a medicamentos; interpessoal – com piadas e desrespeito que minam a autoestima das pessoas idosas; a internalização desse preconceito, e a inequidade.

Políticas públicas

Em sua fala, Sandra destacou os avanços na legislação para garantia de direitos da pessoa idosa como a Política Nacional e o Estatuto do Idoso, que completa 18 anos neste dia 1 de outubro, Dia da Pessoa Idosa. Ela ressaltou a importância do atendimento integrado à pessoa idosa e dos conselhos de direitos. Para a diretora da Longevida, só é possível constituir políticas públicas efetivas com a participação da pessoa idosa.

Sandra também abordou o tema do idadismo, foco da campanha de enfrentamento promovida pela Longevida no mês de outubro, e o movimento Velhice Não é Doença, contrário à inclusão do termo velhice na classificação internacional de doenças, a CID-11.

Sandra Gomes e Daniela Reis - Seminário Internacional Brasil e Portugal

A política de Assistência Social e a atenção à pessoa idosa foi o tema abordado por Daniela Reis, assistente social e mestre em Políticas Públicas. Segundo ela, a assistência social é um campo estratégico para a execução de políticas para a pessoa idosa. Na palestra, destaque para a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), que traz o Benefício de Prestação Continuada (BPC), programa de transferência de renda para pessoas idosas e com deficiência, e a Política Nacional de Assistência Social que possibilitou a criação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

Daniela afirmou que é preciso garantir a participação da pessoa idosa nos conselhos e conferências, sua inserção social, para fortalecer a política da pessoa idosa no Brasil. Da mesma forma, integrar o sistema da Assistência Social a outros sistemas como saúde, educação, habitação. 

Portugal

José Carreira, representante do Movimento #StopIdadismo em Portugal, destacou as experiências do país no atendimento à população idosa, acompanhado de belas imagens do fotógrafo amador Pedro Moreira. Portugal, quinto país mais envelhecido do mundo, vive, segundo ele, o desafio para equilibrar a alta esperança ao nascer com a qualidade de vida. Um dos dados apresentados mostra uma diferença de décadas entre uma fase de vida saudável e a piora da saúde. Outros desafios são semelhantes ao Brasil como o combate ao idadismo e à pobreza, que impede o acesso a cuidados e serviços.

José Carreira - Seminário Internacional Brasil e Portugal

Uma oportunidade para Portugal seria a implantação da Estratégia Nacional Envelhecimento Ativo e Saudável prevista para 2017, mas que não se efetivou. Carreira também vê oportunidades no empreendedorismo, turismo, comunidades amigas das pessoas idosas e na economia da longevidade.  Entre as respostas que o país já oferece, destacou as universidades seniores, que dinamizam atividades educativas, formativas, de interação social e convívio.

Confira no YouTube da Longevida o vídeo completo com todas as palestras! 

Centenário Paulo Freire

TV Cultura produz documentário em homenagem aos 100 anos de Paulo Freire

TV Cultura / Imagem: Especial #100AnosPauloFreire- Cenpec

No domingo, dia 19 de setembro, se comemora o centenário de nascimento do patrono da educação brasileira, Paulo Freire, e em referência à data a TV Cultura exibe um documentário inédito sobre o educador. Produzido pelo departamento de jornalismo da emissora, a produção “Paulo Freire, 100 anos” vai ao ar neste sábado, dia 18, às 22 horas, apresentada pelo jornalista e diretor Leão Serva.

O livro Pedagogia do Oprimido é um marco na obra de Paulo Freire, um grande pensador brasileiro das ciências humanas e um dos mais reconhecidos. Ele foi professor das universidades de Harvard, nos Estados Unidos, e Cambridge, na Inglaterra, e teve mais de 40 títulos de doutor honoris causa em universidades como Oxford, na Inglaterra, e Coimbra, em Portugal.

“Paulo Freire, 100 Anos” traz os principais estudiosos da obra do educador para explicar sua importância e, ao mesmo tempo, os motivos dele estar sendo vítima de tantos ataques extremistas. Entre eles, Mario Sergio Cortella, o professor, filósofo e pedagogo Dermeval Saviani e o diretor de Educação de Jovens e Adultos do Colégio Santa Cruz, Fernando Frochtengartenr.

Exílio

Paulo Freire nasceu em Pernambuco, foi preso pela ditadura militar e exilado. Ficou fora do país por 16 anos começando pela Bolívia, em 1964. No Chile, Freire concebeu a teoria da pedagogia do oprimido e na Suíça, onde trabalhava para o Conselho Mundial de Igrejas, ganhou projeção mundial e participou também da alfabetização de populações pobres no continente africano.

Com a anistia e o retorno ao Brasil em 1980, Paulo Freire continuou a produzir obras importantes como a “Pedagogia da Esperança”. Foi professor da PUC e secretário municipal de Educação de São Paulo. O documentário traz um comentário do patrono da educação sobre sonhos: “Acho que não é possível existir humanamente sem sonhos, sem utopias. Sonhos enquanto projetos, enquanto programa, curiosidade, enquanto querer ser diferente”.