Marcio Lobo - cartunista

Cartunista Marcio Lobo reflete sobre idadismo com sua arte

Texto: Katia Brito

Marcio Lobo, cartunista autodidata, que em março completará 56 anos, é o autor dos cartuns em destaque nas redes sociais da Longevida. A inspiração veio do Glossário Coletivo de Enfrentamento ao Idadismo, lançado em dezembro do ano passado pela Longevida e parceiros, e especialmente do tema da campanha que deu origem à publicação: #lugardepessoaidosaéondeelaquiser: “Sem nenhum exagero, após ler a frase a criação foi automática, questão de segundos, foi incrível!”, conta. Conheça um pouco mais sobre ele nesta entrevista.

Como conheceu o Glossário Coletivo de Enfrentamento ao Idadismo? Já esteve ou está engajado em movimentos de longevidade?

Fui “marcado” por uma amiga (Silvia Triboni) num post do Grupo Maturi no Facebook. Entrei, fucei e adorei. Muito conteúdo, muita seriedade e muita relevância, muito mais que uma prestação de serviço. Conheci o Glossário nesse grupo. Nunca estive engajado em movimentos de longevidade até porque não sabia da existência deles, só que hoje isso virou um desejo.

Cartum Lobo - Glossário

Qual sua primeira impressão da frase da Campanha de Enfrentamento ao Idadismo da Longevida: #lugardepessoaidosaéondeelaquiser?

Uau, a frase! Foi absurdamente impactante, é uma frase absoluta, que não precisa ser explicada; nela contém respeito, protesto, enfrentamento, calor… enfim, uma frase libertadora. Gostaria muito de conhecer o (a) autor (a).

Como foi a criação das ilustrações inspiradas na frase?

Sem nenhum exagero, após ler a frase a criação foi automática, questão de segundos, foi incrível! Ao ler o glossário e os depoimentos houve uma mistura de sentimentos e confesso que entre eles houve uma boa dose de revolta. Não imaginava que esse preconceito fosse tão intenso e pesado, fiquei meio passado.

Como você avalia a importância da luta contra o idadismo?

Na minha opinião é de extrema importância que isso seja combatido incansavelmente, pois não se trata apenas de educação moral ou cidadania, e sim de saúde mental, bem-estar e respeito pela biografia de cada um.

Você sempre foi cartunista? Como e quando começou sua carreira?

Sim, sempre. O cartum sempre fez parte da minha vida. Com 11 anos de idade, havia criado exatos 51 personagens e alguns deles eu trabalhei em formato de historias em quadrinhos. Nunca parei. Comecei minha carreira em meados de 1982 na agência de publicidade James Walter Thompson como ilustrator training após ter vencido três concursos de desenho em nível nacional.

O que o motivou a trabalhar neste universo?

Aos 16 anos, conquistei o primeiro lugar num concurso de desenho promovido pela Rede Globo de Televisão e, aos 17, o primeiro lugar em dois concursos promovidos pela Editora Abril Cultural. Essas conquistas me renderam um Mini Buggy, uma moto 0 Km e um microcomputador, e isso me motivou a buscar um espaço profissional.

Quais os trabalhos de maior destaque na sua trajetória?

Minha relação com meus desenhos é 100% afetiva e não consigo destacar um ou outro. Tenho vários prêmios nacionais e internacionais, mas isso não quer dizer que algum mereça um destaque pessoal. Eu me orgulho sim, porém sem nenhuma vaidade, de ter trabalhado como cenarista em dois curtas-metragens Disney para a série DukeTales nos anos 90; trabalhos prazerosos e junto a uma equipe brilhante e inesquecível.

Como é seu trabalho hoje?

Há cinco anos, trabalho em casa como freelancer. Com o passar do tempo, uma recolocação se tornou impossível, pois a idade vai pesando. Sinto que fui ganhando alguns rótulos nada verdadeiros, do tipo, desatualizado, ultrapassado, inflexível, entre outros. Ouvi também de um ex-contratante que me tornei caro para o mercado, então desisti de tentar me recolocar, mas hoje me sinto feliz nessa condição.

A maturidade mudou sua perspectiva como cartunista?

Sim, a maturidade muda TUDO. O humor dos anos 80, 90 e 2000 são completamente diferentes do humor atual. O mundo mudou também e muito rápido por conta da tecnologia e acho que com esses novos cenários, novos conceitos e as novas necessidades, nós, cartunistas, precisamos de novos olhares.

Como você avalia a importância da sua arte nos dias de hoje? O que te inspira a desenhar?

A arte é absoluta, importante e necessária para a vida, seja ela minha, de gerações passadas ou a das que virão. A minha inspiração vem de tudo o que a vida me apresenta e o que mais me motiva a desenhar é exatamente tudo que me incomoda.

Quais são seus projetos para 2022? 

Inicio o ano concentrado em projetos autorais, (em fevereiro) lançarei uma história em quadrinhos na plataforma Amazon, e na sequência darei andamento a um livro infantil que foi baseado em um fato que ocorreu com a minha filhota numa praia da Bahia quando estávamos em férias. É um livro bem conceitual e com uma mensagem que vale para toda vida. Devo também abrir canais no YouTube com conteúdos sobre desenho, humor gráfico e cartuns animados. No mais, devo tirar outros projetos da gaveta, que apesar de estarem guardados são atuais, e dar andamento. Saiba mais no site Ilustralobo.wixsite.com/lobo

Velhice não é doença

OMS retira “velhice” da classificação de doenças

Movimento #velhicenãoédoença

Por determinação da Organização Mundial da Saúde (OMS), a partir de 1º de janeiro de 2022, “Velhice” passaria a integrar a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde – CID11, no capítulo sinais, sintomas e achados inespecíficos relacionados à saúde. Essa inclusão causaria um impacto negativo de proporções incalculáveis em vários segmentos, da saúde à economia, reforçando preconceito contra os mais velhos (idadismo), modificando as estatísticas de morbimortalidade e fomentando a indústria anti-ageing. Tal decisão representava um significativo retrocesso na área de gerontologia que, há décadas trabalha em prol do envelhecimento e do respeito à dignidade das pessoas idosas.

Embora essa decisão da OMS datasse de 2018, ela veio à tona no final de maio de 2021 por meio do canal @oquerolanageronto em uma live tendo como convidados Dr. Alexandre Kalache (ILC-Brasil) e Dr. Carlos Uehara (SBGG) dando início a uma grande mobilização da sociedade civil e criando o movimento #velhice não é doença que agregou diferentes pessoas e instituições em favor da exclusão desse código da CID11. 

Sob a liderança Dr Kalache, reconhecido internacionalmente por conquistas em prol do Envelhecimento Ativo e Saudável, esse movimento produziu inúmeros encontros e discussões virtuais, além de documentos encaminhados ao Ministro da Saúde e à própria OMS. O propósito de valorização do envelhecer com dignidade ganhou rapidamente a adesão de milhares de pessoas e de instituições importantes como: Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR), Pastoral da Pessoa Idosa, SESC, universidades públicas, CONASS, CONASEMS, ativistas políticos como o ex-vereador Gilberto Natalini.

A presidente destituída do Conselho Nacional de Direitos das Pessoas Idosas, Lúcia Secotti, a Longevida, o Movimento Atualiza, ABG (Associação Brasileira de Gerontologia), entre outras, se uniram à causa, que repercutiu junto à sociedade civil, à imprensa e as mídias em geral. O Movimento #velhicenãoédoença extrapolou fronteiras e ganhou a adesão de profissionais e instituições de diversos países da América Latina e da Europa, entre eles a Associação Internacional de Gerontologia e Geriatria (IAGG) e o Ministério da Saúde da Costa Rica.

Vitória das pessoas idosas

Longevida - Velhice não é doença

Finalmente, após meses de ampla articulação e forte presença nas redes sociais, a OMS decidiu que o código “Velhice” será retirado da CID-11. O anúncio foi feito pela direção da divisão que coordena a iniciativa ‘Década do Envelhecimento Saudável’ a Kalache em 14 de dezembro. ‘Um dia histórico de conquista da sociedade civil brasileira que beneficiará as pessoas idosas de todo o mundo’, comemora. A mudança já consta no site da OMS e no lugar de “Old age”, no código MG2A consta Ageing associated decline in intrinsic capacity (capacidade intrínseca em declínio associada ao envelhecimento).

O movimento #velhicenãoédoença continuará estimulando o debate público sobre as implicações do termo que substituirá a palavra ‘velhice’ na CID-11, bem como prosseguirá na defesa dos direitos à vida e às práticas cidadãs em prol do bem-estar das pessoas idosas – como proposto pela Convenção Pan-Americana de Direitos das Pessoas Idosas ainda não endossado pelo governo brasileiro. Acompanhe o perfil do Instagram e a página do Facebook do movimento.

Longevida

O braço social da Longevida participa ativamente desde o início do movimento “Velhice não é Doença” com Sandra Gomes, na articulação, e Karen Garcia de Farias, no marketing e nas redes sociais, juntamente com Luanna Roteia. Katia Brito e Silvia Triboni também colaboram com a iniciativa. A PNZ Comunicação, de Fabian Ponzi, parceiro da Longevida, foi responsável pela identidade visual do movimento.

Longevida dá início ao Conversas na Janela

Por Katia Fonseca

A Longevida desenvolve o projeto social Conversas na Janela, que oferece um espaço virtual de bate-papo entre pessoas com mais de 60 anos. Por meio da plataforma Zoom, grupos de, no máximo, sete pessoas, se reúnem uma vez por semana, quinzenalmente ou mensalmente, para conversar, trocar experiências e compartilhar suas histórias. A atividade é totalmente gratuita e faz parte do braço social da Longevida.

A primeira etapa do projeto, que teve início dia 4 de dezembro de 2021, consistiu em convidar as pessoas para formarem os grupos. O convite foi divulgado nas redes sociais da Longevida (Facebook, Instagram e Twitter). À medida que os(as) interessados se manifestaram, os grupos de cinco pessoas começaram a ser fechados. Na segunda etapa, foram definidas as características do grupo, baseadas nos interesses comuns entre as pessoas inscritas; também definindo o dia da semana e horário das reuniões. E, assim, começaram as conversas na janela virtual da plataforma Zoom ou pelo Google Meet. O convite ainda está aberto, participe!

Espantando a solidão

A solidão tem estado cada vez mais presente na vida de qualquer pessoa. Quando se trata da pessoa idosa, isso tende a se intensificar. Há mais dificuldade para a pessoa idosa ser ouvida. A correria do dia a dia das pessoas mais novas, envolvidas em inúmeros afazeres do dia a dia, nem sempre permite que se tenha tempo para ouvir histórias ou deixar-se levar por divagações por vezes efêmeras e descompromissadas.

Ter um espaço para conversar, sem compromisso com o “fazer acontecer”, simplesmente para compartilhar recordações, desejos, expectativas ou qualquer outro sentimento premente, colabora sobremaneira para a saúde emocional da pessoa idosa.

Este é o principal objetivo do projeto Conversas na Janela: espantar a solidão.

Vem conversar conosco!

Concurso de Crônicas - Prefeitura do Recife

Recife lança Concurso de Crônicas com o tema “Velhice não é doença!”

Prefeitura do Recife / Foto: Daniel Tavares-Divulgação/PCR

A Prefeitura do Recife (PE), por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos Juventude e Políticas sobre Drogas (SDSDHJPD) e do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa do Recife (Comdir), lançou  o edital do 1º Concurso de Crônicas com o tema “Velhice não é doença!”. Direcionado exclusivamente  às pessoas residentes no Recife, o concurso faz parte da programação do Outubro da Pessoa Idosa de 2021. Acesse o edital pelo link – http://www2.recife.pe.gov.br/sites/default/files/edital_concurso_de_cronicas.pdf

De acordo com a gerente da Pessoa Idosa, Cacilda Medeiros, o Concurso de Crônicas acontece em tempos de discussões sobre Políticas de Enfrentamento aos diversos tipos de violência contra a Pessoa Idosa. E a temática escolhida vai de encontro ao absurdo sobre a possível inclusão de velhice como doença ou problema de saúde, anunciada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Cacilda destaca que a  intenção é que as produções possam equivaler a manifestações positivas em relação ao olhar da Geriatria e da Gerontologia para a velhice, quando deve haver dignidade e respeito por este grupo social.  As inscrições podem ser realizadas até o dia 10 de novembro. O resultado do concurso será publicado no dia 04 de dezembro, no Diário Oficial do Município, e a premiação no dia 10 de dezembro, durante a VIII Jornada Municipal de Direitos Humanos.

Seminário sobre envelhecimento

Entre os dias 26 e 28 de outubro, Recife realizou o II Seminário sobre Envelhecimento, Velhice e Longevidade – Velhice não é Doença: Diversidade, Inclusão e Cidadania, com apoio da Longevida. Sandra Regina Gomes, diretora e fundadora da Longevida, participou da primeira mesa do seminário com o tema “A velhice para além dos preconceitos e estereótipos: em busca de um envelhecimento ativo”, ao lado de Cacilda Medeiros. O vídeo está disponível no canal do YouTube da Gerência da Pessoa Idosa:

Glossário Coletivo

A Prefeitura do Recife, por meio da Gerência da Pessoa Idosa, é uma das parceiras da Longevida na produção do Glossário Coletivo de Enfrentamento ao Idadismo, que vai reunir, de forma colaborativa, frases, expressões, conceitos e denominações que representem o preconceito contra a pessoa idosa. Também apoiam a iniciativa o Movimento Atualiza, o Grande Conselho Municipal do Idoso de São Paulo, a Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos de São Paulo e a Casa Vovó Bibia de Apoio à Família, de Recife (PE).  

Qualquer pessoa física ou jurídica pode colaborar com o Glossário Coletivo até o dia 12 de novembro pelo e-mail contato@longevida.ong.br. O material será publicado dia 10 de dezembro, Dia dos Direitos Humanos, mesma data da premiação do Concurso de Crônicas.

Alexandre Kalache - Seminário Internacional Brasil e Portugal

Seminário internacional celebra sucesso com mais de 1.200 visualizações

A primeira edição do Seminário Internacional sobre Longevidade: Brasil e Portugal – Desafios e Oportunidades foi um sucesso. Foram 500 inscritos de 23 Estados do Brasil, do Distrito Federal, e de Portugal. Com mais de 1.200 visualizações, o evento, realizado no dia 28 de setembro, cumpriu eu papel e apresentou o panorama da longevidade no Brasil e em Portugal. Além dos avanços e desafios em políticas, assistência social e conselhos de direitos.

O evento foi aberto pela diretora e fundadora da Longevida, Sandra Regina Gomes, que apresentou a consultoria voltada para a área de envelhecimento. A primeira palestra foi de Alexandre Kalache, referência em envelhecimento e longevidade, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-Brasil), que trouxe um panorama da longevidade frente à pandemia e ao idadismo. Kalache falou de sua esperança, do verbo esperançar do educador Paulo Freire, de que o Brasil avance como Portugal. No país, em 1975, a esperança de vida era de 68 anos e, em 2019, antes da pandemia, era de 81 anos.

Um dos destaques da fala de Kalache foram os “is” que formam o idadismo, o preconceito contra a pessoa idosa: ideológico – com grupos que acreditam valer mais que os outros; a institucionalização dessa ideologia, como as barreiras criadas nos serviços de saúde para a realização de exames e procedimentos e o acesso a medicamentos; interpessoal – com piadas e desrespeito que minam a autoestima das pessoas idosas; a internalização desse preconceito, e a inequidade.

Políticas públicas

Em sua fala, Sandra destacou os avanços na legislação para garantia de direitos da pessoa idosa como a Política Nacional e o Estatuto do Idoso, que completa 18 anos neste dia 1 de outubro, Dia da Pessoa Idosa. Ela ressaltou a importância do atendimento integrado à pessoa idosa e dos conselhos de direitos. Para a diretora da Longevida, só é possível constituir políticas públicas efetivas com a participação da pessoa idosa.

Sandra também abordou o tema do idadismo, foco da campanha de enfrentamento promovida pela Longevida no mês de outubro, e o movimento Velhice Não é Doença, contrário à inclusão do termo velhice na classificação internacional de doenças, a CID-11.

Sandra Gomes e Daniela Reis - Seminário Internacional Brasil e Portugal

A política de Assistência Social e a atenção à pessoa idosa foi o tema abordado por Daniela Reis, assistente social e mestre em Políticas Públicas. Segundo ela, a assistência social é um campo estratégico para a execução de políticas para a pessoa idosa. Na palestra, destaque para a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), que traz o Benefício de Prestação Continuada (BPC), programa de transferência de renda para pessoas idosas e com deficiência, e a Política Nacional de Assistência Social que possibilitou a criação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

Daniela afirmou que é preciso garantir a participação da pessoa idosa nos conselhos e conferências, sua inserção social, para fortalecer a política da pessoa idosa no Brasil. Da mesma forma, integrar o sistema da Assistência Social a outros sistemas como saúde, educação, habitação. 

Portugal

José Carreira, representante do Movimento #StopIdadismo em Portugal, destacou as experiências do país no atendimento à população idosa, acompanhado de belas imagens do fotógrafo amador Pedro Moreira. Portugal, quinto país mais envelhecido do mundo, vive, segundo ele, o desafio para equilibrar a alta esperança ao nascer com a qualidade de vida. Um dos dados apresentados mostra uma diferença de décadas entre uma fase de vida saudável e a piora da saúde. Outros desafios são semelhantes ao Brasil como o combate ao idadismo e à pobreza, que impede o acesso a cuidados e serviços.

José Carreira - Seminário Internacional Brasil e Portugal

Uma oportunidade para Portugal seria a implantação da Estratégia Nacional Envelhecimento Ativo e Saudável prevista para 2017, mas que não se efetivou. Carreira também vê oportunidades no empreendedorismo, turismo, comunidades amigas das pessoas idosas e na economia da longevidade.  Entre as respostas que o país já oferece, destacou as universidades seniores, que dinamizam atividades educativas, formativas, de interação social e convívio.

Confira no YouTube da Longevida o vídeo completo com todas as palestras! 

Campanha de enfrentamento ao idadimso - Lugar da pessoa idosa é onde ela quiser

Campanha de enfrentamento ao idadismo acontece em outubro

Imagem de debradeka por Pixabay

Em comemoração ao Mês da Pessoa Idosa, a Longevida promove em outubro a campanha de enfrentamento ao idadismo “Lugar de pessoa idosa é onde ela quiser”. O lançamento será no dia 1 de outubro, Dia Internacional da Pessoa Idosa, às 15 horas, com uma live especial com Sandra Regina Gomes, fundadora e diretora da Longevida; Karen Garcia, radialista e podcaster, e Silvia Triboni, editora e produtora de conteúdo em longevidade e turismo, ambas da equipe da Longevida. Acompanhe no canal do YouTube e no página do Facebook da Longevida.

O idadismo, também chamado de etarismo, ageísmo, velhismo, é uma forma de preconceito sofrida por pessoas por conta da idade, sobretudo, em relação aos indivíduos mais velhos. Para muitos, o envelhecimento ainda está associado de forma equivocada a um período de perdas, solidão e isolamento. Enquanto, na verdade, como preconiza a campanha, a velhice é uma das etapas do curso de vida, um período de conquistas e desafios como a infância, a adolescência e a juventude.    

Programação de lives 

Após o lançamento da campanha, as lives serão semanais ao longo do mês de outubro, sempre às sextas-feiras, às 15 horas. Convidados e especialistas vão abordar temas que representam um duplo preconceito para todos, pessoas idosas de hoje e do futuro: a discriminação de pessoas com deficiência, chamado de capacitismo (8 de outubro), os desafios enfrentados pela população LGBTQI+ (15 de outubro), racismo (22 de outubro) e feminização da velhice(29 de outubro). Em cada encontro, a mediação de um integrante da equipe Longevida. 

Além das lives, a campanha estará nas redes sociais com a hashtag #lugardepessoaidosaéondeelaquiser, mostrando toda a potencialidade e as oportunidades do envelhecer.

Glossário

Vinculado à campanha também está o lançamento do Glossário Coletivo de Enfrentamento ao Idadismo. O objetivo é reunir, de forma colaborativa, frases, expressões, conceitos e denominações que representem todo o preconceito contra a pessoa idosa. Qualquer pessoa física ou jurídica poderá colaborar até o dia 12 de novembro, basta encaminhar o material pelo e-mail contato@longevida.ong.br.  O glossário será publicado dia 10 de dezembro, Dia dos Direitos Humanos.

Serviço

Campanha de enfrentamento ao idadismo “Lugar de pessoa idosa é onde ela quiser”

Lives pelo Facebook Longevida Consultoria e canal do

1 de outubro, 15 horas – Lançamento da campanha e do Glossário Coletivo com Sandra Regina Gomes, Karen Garcia e Silvia Triboni

8 de outubro, 15 horas – Idadismo e Capacitismo com Izabel Maior, fisiatra e ex-secretária nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, e Tuca Munhoz, consultor especializado em acessibilidade. Mediação de Katia Fonseca

15 de outubro, 15 horas – Idadismo e LGBTQI+ com Milton Crenitte, médico geriatra e coordenador do ambulatório de sexualidade da pessoa idosa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, e Gisele Varani, fisioterapeuta, especialista em Gerontologia e representante do grupo Mães pela Diversidade. Mediação de Karen Garcia

22 de outubro, 15 horas  – Idadismo e Racismo com Alexandre Silva, doutor em Saúde Pública pela USP, professor da Faculdade de Medicina de Jundiaí e colunista do UOL; Suelma Inês de Deus Branco, assistente social e mestre em Gerontologia Social, e Maria da Conceição Paulo, a Pretinha, que aprendeu a ler e a escrever com 51 anos e, em 2020, lançou o livro “Jardim de Rosa-Palavra”

29 de outubro, 15 horas –  Idadismo e Feminização da Velhice com Delia Catullo Goldfarb, psicanalista com especialização em Gerontologia e diretora da GER-AÇÕES – Centro de Pesquisas e ações em gerontologia, e Lucila Egydio, consultora em sustentabilidade e desenvolvimento e mestre em Gerontologia. Mediação de Silvia Triboni

Glossário Coletivo de Enfrentamento ao Idadismo

Envio do material até o dia 12 de novembro pelo e-mail contato@longevida.ong.br

Setembro Amarelo - prevenção ao suicídio

Setembro Amarelo: entre pessoas idosas aumenta a taxa de suicídio

VivaBem UOL Longevidade, OPAS, Terra e Sesc

A alta ocorrência no mundo caracteriza o suicídio como um problema de saúde pública, por isso a importância da campanha Setembro Amarelo de prevenção ao suicídio e que esta seja uma discussão permanente ao longo do ano. Um desafio também para a população idosa. O último relatório epidemiológico do Ministério da Saúde sobre o tema, publicado em 2017, revela que a taxa geral de suicídio entre as pessoas acima de 70 anos é de 8,9 para cada cem mil habitantes, e na população geral, o número cai para 5,8.

De acordo com estimativas divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos, mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que HIV, malária ou câncer de mama – ou guerras e homicídios. Em 2019, mais de 700 mil pessoas morreram por suicídio: uma em cada 100 mortes, o que levou a OMS a produzir novas orientações para ajudar os países a melhorarem a prevenção do suicídio e atendimento.

O suicídio está entre os maiores tabus, cercado de preconceito. Muitas famílias ainda tentam apagar da memória social os parentes que dão fim à própria vida. Os enlutados dividem-se entre a revolta, o não entendimento do ocorrido e até a culpa. Em 2020, foi grande o choque em todo o Brasil pela morte do ator Flávio Migliaccio, que tirou a vida aos 85 anos.

Lançada em setembro de 2021, a campanha Bem Me Quer, Bem Me Quero, da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA) e da empresa Viatris, convida à reflexão sobre a importância de fazer parte de uma rede de apoio para ajudar a quem precisa ou, caso seja você quem está se sentindo mal, procurar e aceitar ajuda, tornar-se protagonista da sua saúde e se querer bem.

Um dos caminhos para quem precisa de ajuda é o Centro de Valorização da Vida, que funciona 24 horas por dia, pelo telefone 188, com atendimento também por e-mail e chat. Acesse o site www.cvv.org.br.

Pesquisa Cuidadores no Brasil

Estudo aponta que seis em cada 10 cuidadores familiares no Brasil já tem 50 anos ou mais

Instituto Lado a Lado pela Vida, Veja Saúde e Novartis / Imagem Mulher foto criado por freepik – br.freepik.com

O Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL) e a Veja Saúde, com o apoio da Novartis, lançaram recentemente o estudo “Cuidadores do Brasil”. Entre os destaques, estão que seis em cada dez participantes do estudo têm pelo menos 50 anos – e 27% deles tem 60 anos ou mais. E mais: 90% dos entrevistados tiveram que assumir o papel de cuidador por ser o parente mais próximo e não dispor de condições financeiras para contratar um profissional. Além disso, neste universo, as mulheres são a maioria: dos cuidadores familiares, são 83%; entre os profissionais, 91%.

Entre outubro de 2020 e janeiro de 2021, foi realizada uma pesquisa quantitativa online que trouxe as percepções e realidades de 2.534 cuidadores (2.047 familiares e 487 profissionais) de todas as regiões do país. Outra informação impactante do estudo é que 80% desses cuidadores familiares não têm cursos na área da saúde e 83% de todos os entrevistados não são remunerados pelo trabalho que exercem. O objetivo da amostra é elucidar sobre os anseios e necessidades desses cuidadores.

Sobre o impacto na saúde emocional e física desses cuidadores, o total de 48% sofre com estresse e um em cada cinco com insônia. Também são comuns relatos de dores e lesões por esforço repetitivo (LER), o que nos convoca a pensar na prevenção de doenças ocupacionais.

Decisões

Entre os cuidadores familiares, 96% participam das decisões relacionadas ao bem-estar do paciente e 88% estão ao seu lado nas consultas médicas. Entre os profissionais, 82% se fazem presentes nas consultas. Nessa linha, 95% afirmam seguir à risca a maioria das recomendações médicas e 74% incentivam o paciente a se manter ativo. O médico representa a principal fonte de informação para os cuidadores e cinco em cada dez entrevistados só têm contato com ele nas consultas presenciais.

A pesquisa completa, com as 47 perguntas e os achados que o estudo trouxe estão disponíveis no portal do Instituto Lado a Lado pela Vida.

Alzheimer e os desafios para os cuidadores

O dia 21 de setembro é o Dia Mundial da Doença de Alzheimer, e o mês é marcado pela campanha Setembro Lilás, realizada para ampliar a conscientização e reduzir o estigma sobre a doença que afeta milhões de pessoas no mundo. Para falar sobre os desafios da doença para os cuidadores familiares e profissionais, a Longevida traz uma entrevista especial com Vera Caovilla, diretora da 50mais Ativo e uma das fundadoras da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz).

Quais os principais desafios para os cuidadores de pacientes com a doença de Alzheimer?

Sabemos que a doença de Alzheimer não tem o mesmo padrão para todos. Cada paciente reage de forma única e dessa forma, tanto para o cuidador formal como para o informal, o grande desafio é entender como a doença está afetando aquele paciente em especial: ele responde de forma mais tranquila? É agitado? Agressivo? Amoroso?

Quando conseguimos identificar esta relação doença x paciente, precisamos começar a entender melhor a doença como um todo: tratamento medicamentoso e não medicamentoso, quais os profissionais que estão envolvidos no trato de uma pessoa com doença de Alzheimer?

Qual a diferença entre cuidador formal e o informal?

Cuidador informal ou cuidador familiar: normalmente é uma pessoa da família, esposa(o) e/ou filha(o) que não foi preparado para o ato de cuidar de uma pessoa de quem sempre recebeu cuidado. Como trabalhar o emocional e o físico sabendo que este cuidar será de 24horas ou mais ainda? Existe a possibilidade de dividir a tarefa de cuidar com outra pessoa? Ele precisa se cercar da maior quantidade de informações e orientações possível, e isto pode ser conseguido através da participação em grupos de apoio, presencial ou virtual.

Uma rede de solidariedade precisa ser construída para que este cuidador fique tranquilo em caso de necessidade e aí entram: parentes, amigos, comunidade, serviços privados e públicos – enfim tudo que possa trazer segurança para o paciente e para ele. São muitos outros desafios a serem vencidos, além destes, mas acredito que buscando informações, conhecendo mais sobre a doença, sabendo onde buscar apoio e ciente de que existe uma rede que pode ajudá-lo, este cuidador informal já venceu grande parte deles.

Cuidador formal: profissional contratado pela família para cuidar de membro da família afetado pela doença de Alzheimer, que infelizmente não tem ainda a profissão regulamentada. Tem como maior desafio o reconhecimento de sua função, essencial e primordial para algumas famílias. Poucos cursos confiáveis são oferecidos para a formação de cuidadores e por muitas vezes as funções junto ao paciente são confundidas com as funções especificas do cuidar de uma casa, o serviço doméstico propriamente dito.

Quando o cuidador formal atende o idoso independente ou não, em sua casa, tem outros desafios a serem vencidos como, por exemplo, como e a quem atender quando vários membros da familiar querem determinar o que desse ver feito com o idoso/paciente, ou quando existem outros funcionários na casa e todos querem ser “os donos do paciente”. Como a família e o cuidador formal podem se estruturar para manter uma harmonia nas ações para que o paciente tenha o melhor atendimento possível? Existem recursos legais, administrativos ou operacionais que podem ser adotados e dessa forma, uma parte dos desafios enfrentados pelo cuidador formal já será sanada.

Como a tecnologia pode auxiliar cuidadores e pacientes?

Atualmente existem vários recursos que podem auxiliar o cuidador, informal ou formal, no trato com o paciente, desde controle da medicação, exercícios físicos e exercícios de estimulação cognitiva. Muitos deles, gratuitos e de fácil acesso virtual. Entretanto esses recursos, quando adotados, devem ser de uma maneira bem orientada pelos profissionais que atendem o paciente. Às vezes, pensamos estar fazendo um bem enorme e na verdade, estamos comprometendo o paciente no seu todo: físico, emocional e intelectual.

Mas será que esta tecnologia está disponível para todos os cuidadores e pacientes? Infelizmente ainda não. Cuidadores familiares, por vezes, têm dificuldade em buscar recurso adequado e saber como orientar o paciente. Não podemos esquecer da imensidão de nosso país, onde recursos tecnológicos são facilmente encontrados nas principais cidades, e nas demais?

Acredito sim que a tecnologia pode ajudar em muito não só para incentivar o desenvolvimento do paciente como para criar um vínculo de amizade e respeito entre o cuidador familiar e/ou cuidador informal. Porém será necessário que o custo destes recursos seja mais condizente com as condições financeiras da população brasileira assim como o acesso a eles mais consistente.

Que políticas públicas seriam necessárias para evitar a sobrecarga desses cuidadores e também dar um melhor atendimento aos pacientes?

Em 2002 quando foi assinada a portaria 703 que instituiu no SUS o Programa de Assistência às Pessoas com Doença de Alzheimer, preconizou que além dos medicamentos utilizados no tratamento, os pacientes e os cuidadores receberiam não só o acompanhamento médico como também o psicológico e “o que mais for necessário à adequada atenção aos pacientes portadores da Doença de Alzheimer”.

Perto de completar 20 anos da assinatura da portaria, o que temos hoje? As portarias 702 e 703 estabeleceram que o diagnóstico e tratamento da doença devem ser feitos por médicos especialistas em geriatria ou neurologia ou psiquiatria mas sabemos que infelizmente não temos estas especialidades com certa frequência na rede pública, e o paciente para receber este atendimento, precisa ser encaminhado da atenção primária para a especializada e isto tem demorado muito, ocasionando diagnóstico tardio e consequente diminuindo a oportunidade de um tratamento mais eficaz na fase leve da doença.

Politicas públicas para pessoas com demência ou doença de Alzheimer praticamente inexistem; temos sim algumas iniciativas de UBSs que desenvolvem trabalho direcionado ao paciente e ao cuidador de uma forma bastante integrada e constante, mas não em todas as unidades. Se falarmos no Brasil como um todo, verificamos que estamos a anos luz de trazer tratamento adequado à pessoa com doença de Alzheimer.

Como é a situação em outros países?

Inúmeros países no mundo todo já desenvolveram seus Planos Nacionais de Demência sendo que na América Latina: Chile, Costa Rica, Cuba, México e Porto Rico já têm seus planos. E o Brasil? Continuaremos a ter a doença mal diagnosticada, lutando contra o estigma e preconceito, a falta de informações, demora no atendimento e outras tantas dificuldades. Muito em breve, daqui uns 10, 15 anos, o Brasil será a sexta potência do mundo em número de idosos e sabemos que a doença de Alzheimer, mesmo não sendo uma doença característica da idade, afeta pessoas idosas, então o que o futuro nos reserva? Eu, você, nós podemos desenvolver a doença de Alzheimer e que atendimento teremos?