Evento contou com a participação de Sandra Gomes, da Longevida Consultoria, e de Egídio Dórea
A capacitação e formação de conselheiros de Direitos da Pessoa Idosa é um dos focos do trabalho da Longevida Consultoria. No dia 13 de julho, representando a empresa, Sandra Gomes participou do bate-papo “Você sabe o que é idadismo?”, promovido pelo Conselho Municipal do Idoso (CMI) de Santos, no litoral de São Paulo, em parceria com o Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento (OLHE). Outro convidado foi Egídio Dórea, coordenador do programa USP 60+ e autor do livro “Idadismo – Um mal pouco percebido” (Editora Unisinos).
O bate-papo sobre idadismo foi conduzido por Marília Berzins, presidente do OLHE, convidada pelo presidente do CMI, Paulo Henrique Montenegro Lopes Ferreira. O termo idadismo, segundo Egídio, foi definido pela primeira vez por Robert Butler e pode ser descrita como a estereotipização sistemática e discriminação das pessoas por serem velhas. Um preconceito já estruturado na sociedade baseado nas crenças de dependência, isolamento, improdutividade, desvalorização social, declínio e morte.
Egídio afirmou que o idadismo é internalizado na forma como encaramos o processo de envelhecer, como olhamos o outro e não nos vemos velhos, entre outros aspectos. De modo institucional, mesmo nas empresas mais diversas do Brasil, a questão etária é pouco vislumbrada, assim como no sistema de saúde, o que resulta em menos exames preventivos, menos consultas de rotina, atraso na prescrição de tratamentos e na solicitação de exames.
Entre as consequências negativas do idadismo, Egídio destacou o aumento das taxas de ansiedade e depressão, perda da independência funcional, aumento do risco de demências, infarto e derrame, diminuição da expectativa de vida, que pode ser até 7,5 anos menor do que quem tem percepção mais positiva do envelhecimento.
O coordenador da USP 60+ também está á frente da campanha #soumaissessenta de valorização das pessoas com 60 anos ou mais. Sandra Gomes participou da criação da campanha quando esteve á frente da Coordenação de Políticas para a Pessoa Idosa, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo.
Papel dos conselheiros
Sandra destacou em sua fala que a questão do preconceito em relação à idade é cada vez mais evidente. Um preconceito que às vezes não está declarado, mas está na atitude, na negligencia, na falta de percepção. Em Santos, segundo ela, os conselheiros representam 23% da população e precisam tomar ciência desse papel.
A diretora da Longevida ressaltou também a violência decorrente do preconceito em relação à pessoa idosa, que precisa cada vez mais ocupar seu lugar de direito afiançado pela Constituição, pela Política Nacional do Idoso e pelo Estatuto do Idoso. A responsabilidade dos conselheiros é enorme, de acordo com Sandra, por isso é fundamental a participação em capacitações, encontros e convites à reflexão sobre o exercício dessa cidadania ativa. E a mudança começa pela chave interna, se perguntando: “Que velho sou eu, como estou envelhecendo, como estou lidando com a sociedade ser tão preconceituosa em relação a mim?”.
Outro ponto abordado pela fundadora da Longevida foi que o conselho também perceba que seu papel é a representatividade das diferentes velhices, com assento, por exemplo, para a população idosa em situação de rua, LGBTI+, imigrante e das regiões periféricas, assim participar de outros conselhos municipais. Sandra recomendou o intercâmbio entre o Conselho do Idoso de Santos com municípios da mesma região administrativa – São Vicente, Praia Grande, Guarujá e Cubatão. Para Sandra, os conselhos e conselheiros podem capacitar os atendimentos em locais, como shoppings e agências bancárias, recolocando a população idosa em um lugar de dignidade e respeito e não de coitadinho ou vítima. “Estamos falando de um lugar de direitos humanos, de equidade, considerando as diferenças”, completou.
Katia Brito – Jornalista